O Fardo de Yoongi

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Yoongi se sentia desconfortável por estar ali. Como se estivesse traindo Taehyung.

Seus pais estavam sentados à sua volta, presos em uma conversa profundamente desinteressante sobre o divórcio de algum casal de celebridades fútil de uma novela preferida da senhora Min.

Enquanto bebia um gole do vinho rose, ele não pôde deixar de pensar que deveria ter dado o bolo naqueles dois e ter ido conhecer os seus sogros. Mas, só para variar das inúmeras decisões erradas, ele escolheu errado. É claro.

Ele sabia que agora era tarde demais para se arrepender e que provavelmente o Kim deveria estar puto pra caralho, esperando uma explicação realmente decente de o por que dele ter escolhido jantar com dois homofobicos que jamais iriam aceita-lo de verdade, em vez de passar uma noite tranquila e feliz com o namorado que o amava e com os seus sogros, que com certeza pagariam por todas as despesas de um futuro casamento.

Até o vinho parecia insosso e desgraçadamente ruim ali, o que comprovava a teoria milenar de que a má companhia conseguia azedar até a mais deliciosa das bebidas. O Min estava claramente angustiado e ansioso para voltar para a universidade.

—E como você está indo na universidade, querido? Ainda tirando notas altas? Tem algum prêmio para recompensar o melhor aluno da classe?

—Acho que a recompensa para o melhor aluno da sala é passar sem pegar a merda da dependência na disciplina. — respondeu com indiferença. Os seus olhos refletiam exatamente o tédio e a frustração que ele estava sentindo. Queria voltar para KH, queria tomar um relaxante banho e dormir, provavelmente de conchinha pelo resto do dia.

—Você provavelmente está certo. — a mãe riu, jogando os cabelos para trás e gesticulando para que o garçom se aproximasse. — E como estão os irmãos Jeon? Eu soube que o Jungkook é da sua classe, adoro aquele garoto, ele sempre foi um ótimo irmão mais novo para você! E o Seokjin também, né?

Assim que o garçom se aproximou, a senhora Min pediu mais uma garrafa de Martini, vinho rose e também uma porção de frutos do mar. Yoongi sequer prestou atenção nas comidas que ela pedia, concentrado em checar seu celular de minuto a minuto para ter certeza de que Taehyung tinha enviado uma mensagem para ele. Todo aquele silêncio dele estava-o incomodando intensamente, como o corte afiado provocado por uma espada ou lança.

Zero notificações! Parabéns Yoongi, você acabou de foder de vez o seu namoro! Ele piscou bem os olhos, sentindo-os marejarem e se esforçou para manter a compostura, afinal, não queria chorar na frente dos seus pais demoníacos, desalmados. Ele já tinha cometido muitos erros em relação a própria família – o maior deles foi achar, de verdade, que as coisas seriam as mesmas se ele fingisse que não era gay e escondesse os próprios sentimentos.

—E as garotas da universidade, filho? São bonitas? — o pai perguntou, enquanto acendia um charuto em pleno restaurante lotado.

Tão atraentes quanto uma calça laranja, Yoongi pensou em dizer, mas em vez disso subiu os olhos para encarar o pai. Seria esperar demais que ele não fizesse uma pergunta desse tipo.

Yoongi apenas suspirou fundo. Era um ciclo vicioso, com algumas paradas bizarras no meio do trajeto percorrido – ele fingia que não era gay, seus pais fingiam que não sabiam, e ele fingia que era tolerável ficar junto aos dois só porque eram seus pais.

—Eu mal saio do meu quarto. Passo a maior parte do tempo estudando. — mentiu, sem outra alternativa. Contar a verdade era inconcebível. Porque a verdade iria manda-lo para um lugar muito, muito ruim, e para onde ele estava lutando veementemente não ir.

É claro que ele não esperava que Taehyung soubesse a respeito, ou que se lembrasse do fato de que seu pai, o senhor Min, era um puta de um militar invocado e com muitas conexões em lugares perigosos.

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