Sou fisgado do mundo dos sonhos oit uma batida alta vinda do teto. Minha cama está úmida e gelada, tenho problemas com o excesso de suor durante o sono.
Levanto-me com um suspiro cansado abandonando minha garganta seca enquanto as batidas continuavam.Este apartamento onde eu moro tem as paredes extremamente finas, mesmo agora de madrugada consigo ouvir meus vizinhos causando problemas. Olho para o relógio do meu celular, 04:45AM.
- Buceta....
Murmuro estas simples palavras de grande significado enquanto, como uma alma penada, caminho em direção a cozinha afim de conceder-me meu último desejo no plano terrestre: Comer pão com mortadela.
Coloco tudo o que preciso no balcão, certifico-me de fazer o máximo de barulho possível, quem sabe assim eu consiga incomodar o apartamento de cima que continua batendo nos móveis sem motivo aparente e atrapalhando o sono de miseráveis com insônia, como eu.Pegando a faca de cozinha, eu acidentalmente derrubo uma panela no chão, fazendo um barulho alto em meio a madrugada silenciosa, recebo uma batida forte na parede em resposta. Começo a rir sozinho enquanto apanho a panela e corto a mortadela para colocar dentro do pão.
Logo ouço o som estridente e agudo de uma criança chorando vindo do apartamento da frente, logo, passos fortes do meu lado junto com as mesmas batidas incessantes no apartamento de cima, o 301.
Tudo isso as quatro da madrugada.
Eu só queria pão com mortadela.
Considero minha missão cumprida quando vejo a luz verda da minha assadeira se acender em um "bipe". Prontamente retiro meu pão da chapa antes que queime, as batidas no andar de cima continuam, assim como o choro do bebê no apartamento em frente, passos vindo de todos os lugares do prédio, o casal problemático do primeiro andar voltou a brigar novamente, não foi apenas meu sono a ser atrapalhado dessa vez.
Não posso deixar de me sentir vingado enquanto me sento na poltrona de frente para a TV da sala.
Atento-me as paredes verde limão com a tinta descascada enquanto aguardo a antiguidade dar seus primeiros sinais de vida, essa TV sempre se demora para ligar, é meio irritante.
Acompanho com os olhos a trilha de pequenas aranhas fazendo seu caminho e adentrando o pequeno buraco no canto do teto de minha casa, do qual escapa uma feia infiltração que mancha e trás mofo ás detestáveis paredes do lugar, já estou familiarizado com eles, já tentei fazer de tudo para resolver o problema; briguei com o casal "arrasta-móveis" do andar de cima (já que a infiltração vem do banheiro deles), chamei a síndica (a qual disse que não pode fazer nada), o encanador que disse: "Sinto muito, mas não tem problemas em seu encanamento, não se sabe de onde vêm essa água em sua parede".
Certa vez cheguei a me sentir tentado a chamar um padre, pois não é possível que um demônio tenha saído das profundezas do inferno determinado a atormentar minha vida através de uma infiltração na parede da minha sala de estar.
A TV finalmente liga no canal 36 que está passando alguma sitcom estadunidense dos anos 50 com legenda duvidosa.
O esquema de câmeras e proximidade dos dois personagens faz parecer que está prestes a acontecer uma pornografia intensa entre atores que provavelmente já morreram.
Dou uma mordida no meu sanduíche e, é na cena seguinte que percebi que é exatamente isso que está se passando, rapidamente troco de canal, não se pode confiar nas programações da madrugada.
Acabo terminando meu lanche antes de encontrar algo produtivo para assistir. Me levanto é deixo meu prato na pia, caso acorde com alguma disposição certamente lavarei amanhã.
Vou para o banheiro e não me incomodo em acender as luzes antes de usá-lo, paro em frente ao espelho enquanto lavo minhas mãos.
Acabo tendo tempo para examinar minha própria imagem
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O cara via fantasma man
Romanceaql q eu escrevi na aula de biologia com o personagem do Noah q se apaixona por um fantasma. Não é pra ngm ler, eu só to guardando aq