𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑𝐃𝐀𝐑𝐊, 𝘰𝘴𝘢𝘮𝘶 𝘥𝘢𝘻𝘢𝘪

𝐨𝐧𝐞, afterdark

❝A felicidade é como uma sombra. Se você a perseguir, ela sempre fugirá. ❞

❦ Osamu Dazai

Tomie nunca fora uma grande fã de festas, e suas habilidades sociais nunca foram seu ponto forte, então não demorou muito até que a garota precisasse sair dali para tomar um ar antes que o excesso de estímulos visuais e sonoros daquele ambiente lotado ocasionassem em um ataque de ansiedade ou algo pior.

Com um sorriso forçado estampado no rosto e tentando não aparentar estar tão deslocada e aflita, desviou do mar de corpos suados que a cercava e subiu a escadaria rumo ao terraço o mais rápido que pôde, expressando seu alívio por meio de um longo suspiro, ao finalmente se deparar com um espaço aberto e praticamente vazio.

— Foi mal Chuuya, isso aqui não é pra mim. — Murmurou pra si mesma, recostando-se contra o parapeito e tirando um cigarro de filtro vermelho do bolso da velha jaqueta marrom de camurça que costumava ser do seu pai.

Estava prestes a acendê-lo quando avistou uma figura masculina um tanto familiar sentado à beira do parapeito do terraço, com as pernas balançando ao vento.

Um estranho arrepio na espinha seguido de uma projeção imaginativa do garoto caindo bruscamente fez com que Tomie acabasse por dizer alguma coisa sobre a situação, mesmo que ele não parecesse estar nem um pouco preocupado.

— Não acho que deveria sentar aí. Pode acabar caindo.

O garoto virou a cabeça lentamente, um sorriso sarcástico estampado em seu rosto pálido, seus olhos castanho-escuros brilhando em um tom de desafio.

— Talvez, essa seja a minha intenção.

Tomie franziu o cenho, surpresa pela resposta inesperada.

— O quê?

— Estou brincando — Disse ele, rindo levemente —, eu jamais estragaria o aniversário do meu melhor amigo dessa forma. Além disso, está tarde, meu corpo cairia espatifado no jardim dos vizinhos, que provavelmente acordariam com o barulho e acabariam se deparando com uma cena nada bonita. São idosos, provavelmente enfartariam.

Ela o olhou de canto de olho, intrigada e ligeiramente desconfortável com a estranha casualidade com a qual o garoto tratava um assunto mórbido como aquele.

— O quê? Eu quero morrer, mas não pretendo levar ninguém comigo.

O garoto deu de ombros, como se estivesse acostumado com esse tipo de reação, e foi aí que ela o reconheceu, embora o nome dele parecesse ter fugido de sua memória.

Aquele humor ácido e aquela postura indiferente eram características chave da personalidade do melhor amigo de infância de Chuuya, que você já havia encontrado algumas outras poucas vezes, normalmente em frente à escola na hora da saída, em sua bicicleta da cor vinho, com um cigarro pendurado nos lábios, esperando pelo ruivo em frente ao portão.