Capítulo Único

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11. we were both young when i first saw you

Harry Potter tinha só uma única certeza incontestável – os pais dele eram os melhores, mais amorosos, mais engraçados pais do mundo, e se ele fosse obrigado, Harry literalmente iria morrer e matar pelos dois, assim como ele sabia que eles iriam morrer e matar por Harry. Dramático, talvez, mas era a verdade.

Era incontestável.

Havia outras coisas que Harry sabia, é claro, apesar de não ser tão firme ou emotivo em relação a qualquer outro assunto. Para ele, o resto era tudo coisas que aconteciam de ser verdade e que ele não se importava em tentar contestar ou não contestar ou proteger. Nada podia ser comparado ao amor que sentia pelos pais, mas havia outras certezas que ele tinha e que estavam lá em sua vida.

Uma delas era o fato de que o carro deles tinha um cheiro ruim.

Não era terrível. James gostaria de deixar claro que não era terrível. Mas, ei, não era bom e disso nem o pai dele podia descordar.

Harry tinha que admitir que isso era em parte culpa sua. Ele tinha o hábito de dormir demais e ficar enrolando para sair da cama até James ser obrigado a arrancar as cobertas e começar a fazer cosquinhas nele até Harry se levantar e sair correndo do quarto, indo se esconder atrás da mãe na cozinha. Os três sempre iriam rir na hora, Lily o chamando de dorminhoco enquanto beijava a testa do filho e James o puxava para os braços bagunçando os cabelos de Harry ainda mais do que eles já naturalmente eram. A brincadeira tinha suas consequências: era bem comum que Harry tivesse que comer o café da manhã no caminho para escola, já bem atrasado.

Isso em si resultava em muita comida e bebida sendo derrubada no chão do carro durante paradas ou viradas bruscas demais. Apesar de Lily e James levarem o carro para ser lavado a cada duas semanas, algumas manchas tinham ficado; o cheiros leves, fantasmas de memória distantes e já meio esquecidas.

Nem tudo era por causa de Harry.

James tinha o hábito de resgatar animais que encontrava abandonados na rua. Apesar deles não poderem os manter porque o próprio James era alérgico a quase todo tipo de pelo, ele simplesmente não conseguia só os deixar onde estavam, então os pegava e levava para o veterinário e cuidava direitinho (o tempo todo espirrando e se coçando todo) até encontrar uma casa boa para eles.

Enlouquecia Lily enquanto ela tinha que cuidar das alergias deles, mas ela nunca o mandava parar e, secretamente, a ruiva se apaixonava por cada bichinho que ele salvava tanto quanto o homem se apaixonava por eles. Harry achava que ela se apaixonava um pouquinho mais por James toda vez que ele aparecia com um vira-lata nos braços e os olhos vermelhos. Achava que eram hábitos como aquele, e aquele coração gigantesco do pai de Harry, que tinha a feito concordar em sair com ele quando eles tinham dezesseis anos, e continuar com ele até os dias de hoje.

Tinha outra desvantagem além das tosses e espirros e olhos inchados de James: muito dos animaizinhos que James ajudava tinham medo de humanos, ou só não sabiam como agir ao redor deles.

Ou seja, quando James os colocava no carro para levar para casa, muitos acabavam fazendo as necessidades deles nos bancos; seja se mijando por medo ou por confusão ou só por não serem treinados. Isso também era limpo bem rigidamente. Isso também deixava algumas marcas.

Lily tinha um problema parecido com Harry, mas não era por preguiça como o menino. Bem o oposto, na verdade. Depois de se formar em Direito e muitos anos de experiência como advogada, Lily estava fazendo seu mestrado. Ela trabalhava e estudava muito. Se esforçava até o ponto de exaustão, em momentos, e precisava de James e Harry para a lembrar de relaxar e não deixar a vida passar batida. Acordava muito cedo e ia dormir muito tarde e tomava muito, muito café.

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