Dia de folga

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                                                                         Cristina passara a observar mais a filha nos últimos três dias e estava achando-a cabisbaixa pelas manhãs

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Cristina passara a observar mais a filha nos últimos três dias e estava achando-a cabisbaixa pelas manhãs. Não costumava vê-la muito durante o restante dos dias por conta do seu trabalho corrido devido ao grande evento que teria no próximo mês na companhia de Romeno, ainda assim, o pouco tempo que tinha a oportunidade de conversar com a garota, a sentia fora de órbita. Apesar de se darem bem, Aurora só se abria sobre certos assuntos com Camila, sua melhor amiga.
Mesmo Cristina entendendo a proximidade das duas, se sentia um pouco incapaz por ser mãe e não conseguir conversar sobre qualquer tipo de assunto. Mas a respeitava. Jamais se envolveria entre as duas, a não ser que precisasse ser uma mãe mais séria e intervir.

O que não era o caso, imaginava.

Naquele momento, exatamente no café da manhã para que todos se despedissem e fosse para os seus postos, Cristina tornou a liberdade de perguntar como sua filha estava se sentindo.

— Estou bem, mãe. - apenas respondeu, se permitindo a morder mais um pedaço de seu misto quente para manter a boca ocupada e não precisar falar mais.

— Brigou com Camila ou Josh? Você está um pouco abatida esses dias e fico preocupada com você, meu amor. – Cristina insistiu, tentando ser uma boa mãe, mesmo que ultimamente estivesse se estranhando com Fernando mais que o normal, e focando no trabalho como escapatória.

No fundo ela sabia que a filha precisava dela e não estava dando a devida assistência.

— Pode ser o peso do último ano, estou um pouco  sobrecarregada. – tentou despistar, passando a prestar atenção em seu pai, que estava na ponta da mesa, bebendo sua xícara de café e vendo algo em seu aparelho celular, o que não acostumava acontecer antes. — Acho melhor eu ir. – falou, se levantando da cadeira, tornando a olhar para a sua mãe, que estava com seus olhos hipnotizados encarando Fernando, que sequer parecia estar presente.

Cristina normalmente levava Aurora para a escola, mas a garota estava saindo um pouco mais cedo de casa a fim de ir caminhando ouvindo música. Nem mesmo Camila a estava buscando para lhe dar uma carona. A garota não se importava em andar, mesmo que fossem alguns minutos significativos. Não chegava suando, por dar passos curtos e andar devagar.

Enquanto olhava as pessoas praticamente correndo pelas ruas, talvez atrasadas para seus respectivos trabalhos, pensava no quão a vida adulta poderia te tirar dos eixos. Ela sabia que tinha responsabilidade cedo com a escola, mas não se comparava com o estresse que presenciava ultimamente — e isso era culpa de seus pais.

Cristina e Fernando estavam se estranhando tanto ultimamente que passou a pensar até se a família perfeita existia de verdade. Seus avós eram casados a tantos anos que sequer presenciou os dois irritados ou em alguma situação desconfortável, pelo contrário. Eles, mesmo que idosos, continuavam apaixonados como se estivessem iniciando a vida de namorados.

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