"Na dança imprevisível do destino, as páginas do coração são escritas não pela certeza das respostas, mas pela coragem de buscar as perguntas."
A perseverança de Hannah em localizar Alex era algo digno de nota. A cada livraria que visitava, sua determinação ardente era submetida a um teste desafiador, enfrentando o vazio que cada ausência dele provocava. Mas ela era impulsionada por uma força irresistível: um enigma pessoal que somente o olhar magnético de Alex poderia decifrar.
Depois de uma maratona de visitas a diferentes livrarias, Hannah finalmente encontrou uma livraria que a acolheu de maneira especial. O cheiro de história impregnado nas páginas envelhecidas e novas se misturava ao ar, como uma sussurrante canção de ninar para os amantes de literatura. As paredes repletas de palavras por serem descobertas pareciam guardar tesouros além da compreensão.
Ao entrar na livraria, seus olhos encontraram um velhinho simpático atrás do balcão. Ela se aproximou dele com um brilho de esperança nos olhos e perguntou, quase sem fôlego.
- Por acaso um jovem de cabelos castanhos escuros e olhos azuis, chamado Alex, trabalha aqui?
O velhinho, com um sorriso enigmático, parecia prestes a responder quando uma voz familiar interrompeu-o. Um tom que fez o coração de Hannah disparar.
- Hannah? - O som de seu nome na voz dele era como uma melodia para seus ouvidos.
Instintivamente, ela se virou, seus olhos se encontrando com os de Alex. Ele parecia confuso, tentando decifrar a presença dela ali. No rosto de Alex, a surpresa se refletia como um espelho da emoção que Hannah sentia.
Um suspiro aliviado escapou dos lábios da jovem, como se um peso colossal tivesse sido retirado de seus ombros. Era como se todas as dúvidas e anseios dos últimos dias tivessem evaporado, restando apenas a certeza presente no olhar de Alex. A resposta para todas as perguntas que a atormentavam estava bem diante de seus olhos.
Observando a cena, o velhinho, com uma expressão de pura sabedoria, sorriu de canto, como se já soubesse que aquele momento era mais do que um simples reencontro. Em seguida, com a delicadeza de um observador sábio, recuou discretamente, permitindo que os dois jovens desfrutassem de um momento de privacidade.
Dentro do universo singular daquele encontro, Hannah e Alex se perdiam na profundidade de seus olhares. O mundo parecia ter congelado, e a única coisa que importava era o sentimento que preenchia o espaço entre eles.
- A-Alex, e-eu... eu só queria agradecer... pelo livro – Hannah gaguejou. As palavras pareciam presas em sua garganta.
- Não tem de quê, Hannah. Fico feliz que tenha gostado – respondeu ele, suavemente.
Um silêncio incômodo pairava no ar, preenchendo o espaço com um sentimento de desconforto. Hannah baixou a cabeça, sua voz sumindo em um sussurro.
- Eu... sinto muito por ter te ignorado na cafeteria. Eu... eu estava assustada... não queria me aproximar muito de você. – ela se desculpou. - Mas quando você me deu o livro, eu... eu sabia que tinha que vir atrás de você.
Alex ouviu em silêncio, permitindo que as palavras de Hannah encontrassem seu caminho até ele. Quando ela terminou de falar, ele olhou para ela com curiosidade e se perguntou por que ela não queria se aproximar dele. Seria algo que ele havia feito de errado?
- Hannah... eu fiz algo errado?
- Não, Alex. Você não fez nada de errado. – Hannah respondeu abaixando a cabeça - É só que... meu último relacionamento... ele me deixou muito abalada. Ainda estou me curando e... e tenho medo de me abrir novamente.
Um sorriso suave surgiu no rosto de Alex, como se ele entendesse o peso que ela carregava. Ele deu um passo adiante, colocando sua mão gentilmente no ombro de Hannah.
- Hannah, está tudo bem. Entendo completamente. Você tem todo o direito de sentir medo e se proteger. Eu não quero te pressionar. – O rapaz respondeu suavemente, suas palavras cheias de sinceridade.
A verdade era que um alívio egoísta percorreu o peito de Alex ao perceber que o motivo do afastamento de Hannah não estava diretamente ligado a ele.
Hannah levantou a cabeça surpresa com sua sinceridade e empatia e encontrou os olhos azuis de Alex, e no fundo daquele olhar ela viu uma chama de compaixão que derreteu as barreiras que ela havia erguido. Alex sorriu, e antes que ela pudesse processar o que estava acontecendo, ele a envolveu em um abraço afetuoso.
- Hannah, você não precisa se desculpar, mas se você me der a honra, eu gostaria de estar ao seu lado... de te apoiar. - Alex sussurrou.
A surpresa tomou conta de Hannah, mas rapidamente ela correspondeu ao abraço, sentindo-se segura e acolhida nos braços de Alex. Ela acenou com a cabeça, permitindo que ele estivesse lá por ela. Naquele momento, os dois se renderam às emoções que os uniam e aos desejos que estavam surgindo em seus corações.
Envolvidos naquele abraço, sentiram algo que transcendeu palavras. O universo parecia ter conspirado para reunir suas vidas, amenizando temores e incertezas. Juntos, começaram a entender que, mesmo diante das adversidades do passado e do presente, poderiam encontrar conforto um no outro.
Enquantoisso, entre prateleiras repletas de livros e histórias por contar, Hannah eAlex encontraram um capítulo inesperado em suas próprias vidas. E o senhorJohnson, observando à distância, sorriu com satisfação. Ele sabia que aqueleera o início de uma história de amor promissora. Aquele era apenas o prólogo danarrativa que se desenrolaria nas páginas da vida deles.
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Fragmentos de Nós
RomanceHannah e Alex são duas almas quebradas, perdidas em suas próprias tristezas e mágoas. Hannah acabou de perder sua mãe em um acidente de carro, e luta para seguir em frente sem sua presença amorosa e acolhedora. Alex está se recuperando de um vício e...