Primeiro dia e é assim que você me olha?

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Mais um ano se inicia e eu, Charlotte Davis, continuo cansada dessa rotina que se repete todos os dias durante todos esses anos, é tudo tão monótono que só de pensar, cogito a ideia de faltar esse primeiro dia de aula no novo colégio: William McKinley High School.

Escuto batidas na porta do meu quarto e uma voz entusiasmada me chama:
- Vamos filha, levante e se arrume, o café está pronto!
Ah mãe, só mais cinco minutinhos, penso com desejo.

Me levanto com muito sono, são 06:03, abro as cortinas e deixo que a luz tome conta do meu quarto, sinto meus olhos doerem de sensibilidade, já que acabei de acordar.
Tomo um banho rápido, escovo os dentes e me maquio com pouca maquiagem, não gosto de esconder a minha pele, então a corrijo apenas com pouco corretivo e devolvo sua cor com bronze e um pouco de blush, o rímel já está passado.
Vou até meu closet e pego meu uniforme limpo e bem dobrado; blusa fechada e saia em combinação com a gravata e a meia calça, deixo em cima da minha cama, é o tempo em que me perfumo depois depois de passar hidratante.

Ah! Que cheiro bom. Digo com os olhos fechados. Lembra pêssego.

Sempre me mantive organizada e apresentável, não para manter elogios alheios, não preciso deles, não causam mais tanto efeito em mim, mas é porque me acostumei com esse estilo de vida.

Me visto e, nossa, que uniforme bonito! Acho que esse é um dos poucos colégios americanos que exigem roupa padrão, é um colégio de referência, então imagino que os alunos sejam certinhos e direcionados. Isso me decepciona, penso.

Desço e encontro minha mãe me olhando com os olhos surpresos e brilhantes, que cena marcante.

-Nossa! Que linda, como sempre, uma princesa! Praticamente uma mulher já feita, ri comigo.
Papai volta da cozinha e se senta ao lado da mamãe, recebo elogios, como amo!

Arthur e Liam descem apressados, são 07:06... CALMA, SÃO 07:06?!
Subo depressa, pego meu celular e a minha bolsa carta, desço e me despeço de meus pais, guardo meu café da manhã e corro em direção do carro de Arthur, meu irmão mais velho, entro e fecho a porta.

-Você com certeza não deve se importar se eu comer dentro do seu carro. Digo ironicamente para Arthur.
-Vai me servir por uma semana se deixar qualquer pedacinho de pão no banco de trás, diz brincando.
-Liam, meu segundo irmão mais velho, ri enquanto dá um soco fraco no ombro de Arthur.
Bem, devo imaginar que de fora pareço ser mimada e chata, já que tenho o hábito de me arrumar, equívoco! Me considero bem sociável, na verdade.

Arthur tem 26 anos, faz faculdade de engenharia, olhos azulados e cabelos escuros, que cara branco! Dizem que é com ele que eu mais me pareço, os olhos são herança paterna.
Já Liam, no auge de seus 24 anos, é fanático por campeonatos de luta livre, faz faculdade de computação e é bem espertinho. Com o tanto de meninas em cima dele, ele deve ser realmente bem orgulhoso, mas é meramente pelo seu físico.
  Agradeço e me despeço de meus irmãos, respiro fundo e saio do carro.
Realmente... os boatos não deixam a desejar.
-Que escola absurdamente grande! É realmente o padrão das escolas de filme americano. Passo pelo portão de entrada e vejo muitos alunos conversando, percebo que quanto mais próxima estou da entrada, mais olhos param em mim, fico inquieta com tanta atenção, me sinto contra a parede, mas me mantenho firme.
Irônico, sempre tem um grupo de caras babacas e, adivinha? Na parte direita da entrada principal, no estacionamento, eles estão em bandos ao redor dos carros de última geração ganhados de seus pais.
Dois deles parecem estar vindo até mim, impressão a minha?

Preciso me apressar, as aulas começam às 07:30, faltam 9 minutos. Acelero meus passos.
Entro e guardo meus materiais no meu armário, tudo em harmonia, eu acho.

Vou até a sala 23, me sento na mesa lateral esquerda, como de costume, e espero pelo professor enquanto os alunos entram. Eram 07:33 quando o professor entrou e se apresentou, Johnny, de química. Encarava aluno por aluno sem sair de perto do quadro, foi quando parou seus olhos em mim.

Olha só, temos uma aluna nova! Levante-se, querida, se apresente.
Minha respiração ficou pesada, comum, me levanto e me apresento, como pedido.
-Me chamo Charlotte Davis, tenho 17 anos e vim da Millenia Atlantic High School. Sento novamente.
-Muito bem, senhorita Davis, seja bem vinda. Disse o professor antes de começar a aula.

Tempo depois, me viro discretamente para ver como eram os alunos da sala, são muitos, a sala é realmente grande mas não infinita, me surpreende eu ter sido a única nova aluna dessa sala, provavelmente porque a seleção do colégio é bem rigorosa. Estão divididos em grupos? Alguns são tão iguais mas todos são tão diferentes, nada de como eu imaginava.

Olho para o meio da sala quando vejo um garoto de beleza realmente cativante, olhos esverdeados e cabelos tão escuros quanto a noite, levemente desajeitados, camisa escura verde musgo e calça jeans preta, sentado como quem não estivesse querendo estar ali. Me perco por pouco tempo, mas tempo o suficiente para perceber que ele estava me encarando com... desprezo?! Pegou mal, garoto atrevido! Desvio rápido sentindo minhas orelhas queimarem de vergonha.
-idiota, idiota, idiota. Sussurro para mim mesma
...
-Pois bem, essa foi nossa aula de número um, equilíbrio químico, estudem e façam questões para fixar, tenham um bom dia. O professor sai de sala.
Foram longas duas horas de pura química, todos se levantam e vão em direção a suas outras salas, faço o mesmo.
Esse colégio é realmente bonito, sala de número 34... achei! É por ali, sigo e entro, procuro um lugar bom mas o "meu lugar" já estava ocupado então sento num lugar qualquer.

Literatura, que saco! O mesmo assunto de sempre, é um padrão: escolas literárias e o romantismo. Ao menos era o que eu imaginava, o professor entra e pede a formação de duplas, mas não qualquer dupla, elas eram formadas por sorteio, dá pra acreditar? Sou a pior nos jogos de azar.
...
Depois de um tempo, escuto o meu nome e levanto minha mão direita, conforme a instrução, procuro um tal de Luke, minha dupla.
Lá está, de mão levantada, rindo com os seus amigos, como um idiota. Olha momentaneamente para mim com um sorriso malicioso estampado em seu rosto, bem como qualquer pessoa de personalidade duvidosa, então percebo que era o mesmo cara do estacionamento, filho de papai rico, que nojo.

Tempo em que percebo o desprezo de toda e qualquer presença feminina naquela sala, a loira do gloss rosa me seca com esses olhos castanhos, bem como as 2 outras meninas ao seu lado. Particularmente eu nem ligava, se quisessem, poderiam roer esse osso sem medo algum.

O professor pede silêncio enquanto termina de sortear os outros alunos. Logo depois explicou a atividade e ressaltou que seria avaliativa, já que também serve de interação e coletivismo da turma, mas, sinceramente, um coletivismo desse eu quero bem longe.

Luke deve ter lá para os seus 18 anos, tem olhos castanhos e cabelos claros, me pediu o meu telefone com "fins escolares" e, de fato, eu não podia negar, já que não falo com ele e pretendo apagar o seu contato assim que tudo isso acabar.

  

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⏰ Last updated: May 31, 2023 ⏰

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