Prólogo

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Desculpem pelos erros ortográficos
Elizeth Gomes
Narrando

Faz duas horas que estou à espera do resultado que talvez possa vir mudar a minha vida, se for positivo, não sei bem o que vou fazer da minha vida, então enquanto espero oro para que dê errado e que eu possa rir deste momento depois.

Olho para a grande vidraça que tem o Hospital Geral de Luanda e observo as gostas caíndo. O céu está cinzento prevendo uma nova onda de chuva e mesmo assim estou aqui parada, esperando que meu maior erro não esteja confirmado em um texto de laboratório.

As pessoas passam por mim, procuram pelo meu encarregado e quando não o encontram me olham estranho. Afinal o que uma adolescente de catorze anos, estaria fazendo sozinha em um hospital? É, o que eu estou fazendo aqui afinal? Era para estar na aula do pai da química, não neste hospital onde tudo cheira a medicamento.

Eu poderia ir em uma clínica privada, mas seria logo reconhecida, algum fofoqueiro lambi-bota iria a visar ao meu pai e a minha madrasta. Por isso decide vir para um hospital público, perguntei como funcionava e sei que não era preciso mostrar documento, é só dar o nome para eles fazerem a tua ficha, usei um nome qualquer que me veio à mente, acho que é da novela que assiste, Crarinha de Anjo, mas não faz mal, o importante é que não acharam estranho eu me chamar Dulce Maria.

Caso contrário, minha madrasta estaria aqui me perguntando o motivo de eu estar em um lugar cheio de gente inferiores a ela. Ela odeia gente que não tenha dinheiro, mesmo que tenha sido assim antes de se casar com o meu pai.

Ela não viria por se preocupar comigo, mas sim pelo que às pessoas diriam, o que a midía diria sobre a família perfeita que é rotulada por toda Angola. Para ela, só não é mais que perfeita porque eu faço parte da sua família.

—— Dulce Maria da Costa! —— ouvi meu nome ser chamado, me levantei e caminhei apressadamente até a senhora que acabava de gritar o meu nome. ——Dulce Maria da Costa?

——Só eu—— falo e recebo o exame.

Com exame em mãos, parece que meu coração vai sair do lugar a qualquer momento, sinto tontura e acho que vou cair.

—— Tas bem?—— Ouço uma senhora dizer, olho para ela e vejo que é uma das trabalhadoras que cuida da limpeza do hospital.

Respiro fundo e sorrio me recompondo.

—— Estou bem—— falo e a mesma me olha estranho, mas sorri quando lhe passo confiança com o olhar.

Soube que em hospitais públicos às Senhoras da limpeza têm mas amor e empatia com os pacientes, elas estão sempre prontas a ajudar. São rabugentas, claro!
Mas são prestativas e activas, por isso fico grata por ter se preocupado comigo, sem ter aquele olhar de julgamento.

—— Ta bem, se cuida Menina.

Dito isso ela volta fazer o seu trabalho e eu respiro mas duas vezes antes de começar a caminhar para aquela que dirá a minha sentença.

Aperto o papel que tem a resposta do meu futuro e engulo seco, fico rezando para que dê negativo, faço muitas promessas a Cristo, promessas que eu vou cumprir ao pé da letra se de facto a resposta neste exame for negativa.

Sorrio com isso, afinal nunca fui muito de acreditar em Deus ou coisa parecida, não tenho fé em religião nenhuma.
Desde pequena que frequento a igreja católica, mas nunca sente a presença de Deus em minha vida. Nunca sente o amor genuíno que dizem que Deus tem por todos os pecadores, a muita coisa na Bíblia que considero fula.
Para mim ele é uma personagem criada por líderes religiosos que gostam de ferrar com a mente e a finanças dos seus fiéis.
A igreja a arrecada tanto dinheiro dos pobres para abastecer as suas contas... mas hoje estou orando, esperando um milagre de um Deus que não tenho fé!

Grávida aos Catorze Onde histórias criam vida. Descubra agora