Diana contemplava o mar, completamente absorta em seus pensamentos.
Era início de noite e haveria um luau na praia, por isso, o vai e vem de pessoas preparando o local era constante. Alguns casais caminhavam ali perto, envoltos na intimidade que compartilhavam ou na alegria dos filhos com os quais brincavam.
Era um momento de paz, um lugar de paz.
Ela ouviu o ranger do portão de madeira, que separava os domínios da casa em que estavam hospedadas, da praia. Aquela era uma casa diferente da que ocuparam, enquanto se recuperava dos seus ferimentos, após a investida de Miles e Juan na casa do lago.
Aquela era a residência de Carla e Carolina. O local que escolheram para viver e constituir família.
A pousada localizada ao lado da residência, também pertencia ao casal. Era humilde, em comparação com os demais hotéis de sua propriedade, todavia era isso que a tornava tão querida para as duas.
Foi daquele lugar que Carla lhe falou muitos anos antes e foi para viver ali que a convidou quando encerrou sua carreira no crime organizado. Era para lá que Diana sonhava ir quando seu contrato com Aquiles chegasse ao fim e, agora que lá estava, sentia-se cansada e machucada demais para aproveitar a paz que lhe trazia.
Uma semana tinha se passado, desde a morte de Aquiles. Carla havia providenciado o retorno de Max e Beatriz para casa e forneceu uma desculpa convincente para o desaparecimento deles e, consequentemente, o de Vanessa e Cristina. Ela não se aprofundou muito nos detalhes de como fez e Diana não procurou saber. Afinal, sabia que com a quantia e contato certos, mentiras se tornavam verdades e verdades deixavam de existir.
Durante esse período, Diana se manteve alheia a todos. Passava a maior parte do dia na praia e só retornava ao fim da tarde. Evitava compartilhar as refeições com as amigas e companhia, recolhia-se cedo e ignorava qualquer tentativa de conversa por parte delas.
Nem teve forças para agradecer aos amigos pela ajuda, nem para discutir com Carla quando esta reclamou por ter levado Vanessa e Carolina, grávida, para uma situação de perigo.
A verdade era que pretendia ter somente a ajuda de Bento e Cristina. No entanto, Carolina foi muito enfática ao afirmar que ninguém sairia em uma missão de resgate sem a sua presença e Vanessa acabou insistindo em participar também.
No fim, ambas acabaram sendo de grande ajuda, pois serviram de isca para os homens de Gillian que, ao reconhecerem a professora, enquanto retornavam para o transporte, as seguiram e foram emboscados por Bento e Diana.
Por ser noite e pela forma como estavam vestidos, seria fácil assumir o lugar dos capangas de Gillian, desde que tomassem o cuidado de manter silêncio e permanecessem mascarados. Já Cristina, tinha o importante papel de assumir sua identidade e ela o desempenhou brilhantemente.
— Pretende se juntar a nós esta noite? — Carla parou ao seu lado, com uma expressão serena. Ainda possuía alguns hematomas na face, mas nada que afetasse sua beleza.
Diana percorreu a figura da amiga com um olhar aprovador, já que ela vestia apenas uma camiseta branca e short, exibindo a pele bronzeada. De fato, estava muito diferente da mulher que conheceu, cuja tez era sempre pálida, acentuando a cor dos cabelos e olhos claros, e, quase invariavelmente, se apresentava elegantemente vestida.
Quis lhe sorrir, mas algo a impediu. No entanto, aceitou a mão que ela lhe estendeu e encaixou-se em seu abraço, sedenta da paz que aquele abrigo sempre lhe oferecia.
— O que faria sem você? — Perguntou num sussurro, estranhando a própria voz que lhe saiu rouca e arranhou a garganta.
As mãos de Carla escorregaram entre os fios dos seus cabelos em uma carícia delicada.
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Caçadora
AkcjaQuando Diana morreu, Vanessa enterrou seu coração junto com ela. Dez anos se passaram, desde então e, entre altos e baixos, encontrou conforto nos braços de Cristina. A vida parecia estar voltando aos eixos, até que, como uma fênix ressurgindo das c...