Capítulo 1: Um encontro inesperado

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08 DE JUNHO. A neblina da manhã se esvaindo sobre o pequeno cemitério torna-o ainda mais familiar, obrigando-me a observar como as lápides eram consumidas pelo véu pálido. Uma figura solitária se destacava por entre as sepulturas, permanecendo imóvel e inalcançável a frente de um túmulo. Era ele, Owen, meu ex colega de sala e por quem eu sou secretamente apaixonada à mais de dez anos. Seu semblante era frio, dolorido e sentimental pela recente perda. Deus, como eu queria estar ao seu lado, lhe abraçar e poder dizer que tudo ficaria bem... Mas eu não podia, eu tinha que supera-lo.

Vejo-o se ajoelhar, tocar o túmulo com dor, sentir o mármore gélido em contato com a própria pele. A escrita suave com o nome de sua mãe provavelmente lhe causa arrepios, lhe auto sabota e lhe conforta ao mesmo tempo. Por fim, ele murmura algo inaudível a nossa distância, com a voz embargada pelo sofrimento. Iniciando um monólogo.

Enquanto isso, fora surpreendido por uma voz doce e reconfortante de cabeleira ruiva. Ela estava se aproximando dele até que estivesse ao seu lado no chão, consolando-te o coração quebrado em um abraço. Neste momento percebi que estava atrapalhando, então apenas me despedi de minha mãe e me levantei em silêncio para ir embora.

- Emy!! Oi, o que faz aqui? - Automaticamente sou trazida para fora de minha bolha, encontrando Richard parado a minha frente com as mãos sobre a cintura. - Estava visitando sua mãe?

- Oi, Rich! Sim, estava. Mas e você? O que faz por aqui? - Ergo uma das sobrancelhas apenas para demonstrar ainda mais interesse. - Estava indo encontrar alguém, não é? Olha só para você...

Expresso ao apontar o dedo indicador em sua direção, afrontosa.

- Por favor, não seja paranóica! Onde já se viu eu sair com alguém e não te contar quem é? - Nós dois rimos juntos, então ele puxou um de meus braços para entrelaçar ao dele e voltar a caminhar. - Na verdade, eu estava indo para sua casa, nuvenzinha. Mas o destino fez com que nos encontremos antes do esperado. Um sinal, não?

- Um sinal de que exatamente? Você está doente? Não parece estar falando coisas racionais... - Demonstrei dramaticamente um desespero falso após minhas falas. - Eu acho que o café está afetando o seu cérebro, Richard.

- Você está me ofendendo bastante, ok? Pelo menos não sou eu quem estou apaixonado por um ser humano que provavelmente não sabe nem que eu existo. Vamos ser sinceros, você precisa superar esse cara de uma vez por todas. - Indiciou ele, esboçando um sorriso vigarista nos lábios, pois sabia que havia vencido. - Contudo, podemos deixar isso para trás... Não quero humilhar você no meio da rua.

- Me diz o porquê de você ser tão cruel comigo? Sua melhor amiga de infância, cujo qual está do seu lado desde sempre... - Protestei ofendida.

Continuamos neste dilema até chegarmos em casa, aonde ainda soltamos algumas farpas, mas sempre respeitando nossos limites de amizade. Porque éramos assim, como carne e unha, desde o jardim de infância. E isso nunca mudaria.

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Reencontro Do Coração: Descobrindo O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora