𓁭 Guilherme 𓁭
— Oi, eu tive um imprevisto, não vou poder ir amanhã para o trabalho — concilio equilibrar o celular entre meu ombro e ouvido, e limpar o sangue nojento que cobre uma parte da pele de Ísis com as mãos tremendo. — Eu sei que estou atrapalhando seu date com seu namorado gringo, mas ninguém mais me atende. Avisa lá para mim, pode inventar uma história mais tosca. Quebra meu galho, Lipe.
— Você é um pé no saco, hein?! — o moreno bufa impaciente do outro lado da linha e uma grande mancha de sangue não quer desgrudar da testa da deusa. Mas que porra. — Certo, mas vai ficar me devendo uma.
— Certo, valeu — eu não espero uma resposta para desligar. Meu coração ainda está batendo como um louco que parece que vou ter um ataque cardíaco a qualquer minuto.
Quase uma hora desde a batalha com as criaturas infernais no parque e Ísis ainda não acordou. Assim que ela apagou eu a coloquei no carro e pisei fundo para casa me sentindo desesperado por um combo de coisas. Dois demônios nos atacaram, ela quase foi morta por um meio crocodilo e para completar toda a doideira meu cérebro insiste em me enviar imagens hipotéticas do caso uma viatura policial me parasse e a visse naquele estado, me condenando por tentativa de feminicídio e me fazendo ir direto para o xilindró. Eu estou ficando louco.
Para um décimo do meu alívio sua pele começou a se curar sozinha. Lentamente, a mordida no braço e alguns cortes foram se fechando, mas alguns outros machucados parecem lentos demais para se fechar como se ela estivesse em uma luta interna para os seus poderes divinos fazerem o que deveriam fazer.
Céus.
Eu quase fui morto por um demônio... De novo.
Eu matei um demônio.
Eu acho que vou vomitar.
A deusa parece serena e tranquila como se não tivesse lutado contra demônios até apagar de exaustão. Jogo o décimo lencinho umedecido imundo na lixeira que trouxe para perto da minha cama, Agora nós dois estamos um pouco mais decentes e a adrenalina vai acabando. Aquilo foi épico e assustador, ela chegou ao seu limite para me proteger.
Ela poderia ter morrido.
O pouco de controle que eu consegui colocar sobre o medo retorna com tudo. Por que ela não acorda? Eu não sei quanto tempo mais posso ignorar que ela só está incosciente porque monstros enviados do inferno egípcio tentaram um duplo assassinato. Minhas mãos voltam a tremer e o suor frio escorre pelas minhas costas. Será que ela morreu de exaustão? Será que o sangue daquele monstro era venenoso e agora...
— Eu estou bem, senhor dos surtos — sua voz me tira do meu quase colapso mental.
— Graças aos céus, você está bem — eufórico, mas ainda com medo de machucar passo a mão pelos seus cabelos. — Você tem certeza que está bem?
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🔹ENÉADE🔹
Fantasía🥈Concurso Nove Caudas; 2° lugar na categoria Fantasia 🥈 Concurso Mistérios de Roma; 2° lugar na categoria Fantasia ▫️🔹__________🔹▫️🔹__________🔹▫️ "As mentiras são o mel que adoça a boca dos que possuem o poder maior." Uma mentira, uma manipul...