Olívia,
Exatamente, eu não sinto mais nada, por mais estranho e repentino que pareça – ou nem tão repentino assim – eu simplesmente sou incapaz de amar alguém que sempre se acha o melhor em tudo e que nunca está satisfeito com nada, minha irmã sempre esteve certa, minha mãe nunca gostou dele, e por fim, era só uma paixonite idiota que poderia ter sido esquecida em um ou dois meses. Mas cá estou eu, um ano e cinco meses depois. Presa, sem saber o que tem que ser feito.
Sinto ele dormindo no meu colo, seu rosto chega a ser repugnante para mim, de verdade, só de pensar em todas as inúmeras vezes que eu não queria fazer algo e ele parava de falar comigo por pura pirraça, me deixa tonta. Mas uma coisa é certa, eu não posso fazer nada, absolutamente nada. Ele guarda um segredo muito grande e obscuro meu, então, estamos perdidos, sem chance alguma de terminar isso.
É engraçado como desde que comecei a me sentir assim, nem com minha terapeuta eu falo. Me sinto extremamente culpada, ele me ama, eu sei disso, mas é culpa minha não sentir o mesmo por ele? Talvez sim, talvez não. Mas definitivamente é culpa minha ter confiado nele o suficiente para falar tudo que eu falei. Agora não tem saída, é esperar ele se cansar de mim ou algo do tipo.
– Oi, meu amor! – ele me beija, se levantando do meu colo, não posso mentir que quase vomito toda vez que isso acontece. Talvez não esteja tão perto de ele cansar.
– Oi, Pedro, dormiu bem? – perguntei tentando ser o mais simpática possível.
Definitivamente ele desconfiava, arqueou uma sobrancelha, então me corrigi.
– Amor, desculpa, tô com a cabeça nas nuvens. – pego meu celular e começo a usar as redes sociais, quando recebo uma mensagem da minha mãe, perguntando que horas eu voltaria para casa.
Perfeito! Ótimo, agora tenho a desculpa perfeita para ir embora.
Mas algo parecia errado, na mensagem da minha mãe. Ela parecia preocupada e ansiosa por algum motivo.
– Tenho que ir, minha mãe tá estranha e eu realmente já passei muito tempo aqui. – disse me levantando abruptamente do sofá.
Ele, esse garoto, fica insistindo para eu ficar, mas eu não cedo. Não caio mais nas suas manipulações, a garota que ele conheceu com quinze anos, não é a mesma nesse ponto.
Acabo pegando um caminho diferente do comum indo para casa, queria escutar um pouco de música, então fui por um mais longo, assim conseguiria refletir um pouco sobre tudo que estava acontecendo na minha vida. O que me faz perguntar o que a Olívia de quinze anos viu nesse garoto e o porquê de tudo ter acontecido do jeito que aconteceu. As vezes é revoltante e eu juro, esse foi o meu maior erro.
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Não Existe Final Feliz
Mystery / ThrillerEm uma cidade interiorana, Olívia se vê preocupada com sua crescente falta de paixão pelo namorado. Lidar com essa situação se torna cada vez mais difícil. Apesar de Pedro não ser exatamente o parceiro dos sonhos, flertando com todas as garotas boni...