Facilitando ou dificultando?

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[...]

Ah como estava sendo difícil resistir. 

Como era difícil não admirar Sana.

Tzuyu não queria, mas já estava totalmente rendida a ela. E isso foi em questão de apenas um dia. Depois de tanto duvidar dos dotes culinários de Sana, Tzuyu pagou a língua enquanto assistia a japonesa preparar uma massa.

Os cabelos presos em um rabo de cavalo alto, porém com algumas mexas fujonas caindo sobre o rosto. Sana usava um avental velho, já que o dito cujo avental de Tzuyu ela ainda não tinha devolvido. Ela manejava tudo tão bem, não precisava seguir receita alguma, era como se soubesse fazer aquilo a vida inteira. 

— Você... — Tzuyu engoliu as palavras de volta. Sana arrumou o pão na forma e passou para as massas menores do salgado que estava fazendo. — Parece que você praticou bastante. Sabe a receita de cabeça.

— Achou que eu tava brincando né? — Sana disse divertida. — Aprendi muito naquele curso. — Ela pegou a panela cheia de frango em cima do fogão. — O pão eu sei fazer desde sempre, vovó me ensinou.

Tzuyu desceu do balcão da pia onde estava sentada e caminhou até a mesa onde ela preparava a comida. Sana experimentou o frango que seria o recheio do salgado, e por um momento Tzuyu ficou receosa. Poderia ter passado metade da vida naquela cozinha observando o avô, mas não se arriscava em tentar seguir os passos dele.

— Tá horrível Tzuyu. — Sana falou de boca cheia. Tzuyu fechou a cara, causando risadas na garota. — Horrível de bom!

— Ridícula. Não existe horrível de bom. — Tzuyu respondeu se fingindo de brava. Logo se posicionou ao lado de Sana e começaram a rechear as massas com o frango e requeijão.

Já estava de noite, e com a casa grande quase vazia tendo só as duas ali na cozinha, o único som que percorria o ambiente era o vento soprando do lado de fora, junto com os trovões de uma chuva próxima. Uma das coisas que Tzuyu agora percebia era como a presença de Sana pra ela preenchia todo o lugar. Uma casa com ela, sempre seria uma casa cheia.

— Lembra quando era nós duas aqui comendo aquele bolo de chocolate? — Sana relembrou.

— E uma vez você comeu tanto que desceu mal e a bobona ficou de cama. — Tzuyu deu um sorriso nostálgico. 

— Eu jurei que nunca mais comia bolo de chocolate, no dia seguinte você me fez comer de novo! — Sana deu um empurrão de leve na garota.

— Comeu porque quis! — Tzuyu mostrou a língua.

Demorou mais um pouco, e então os salgados ficaram todos prontos. Sana colocou a forma com eles no forno.

— E o pão? 

— O pão fica descansando mais algumas horas, vai pro forno depois. — Sana lavou as mãos.

— Eu vou acabar esquecendo de assar. 

— Relaxa, eu coloco no forno. 

— Aí você teria que ficar aqui até tarde e... — Que inferno, ela só teria que dormir aqui! E daí? E daí? E DAÍ? 

Sana se voltou para ela. Tzuyu parecia nervosa. Se não fosse tão difícil ela pensaria que Tzuyu estava nervosa por causa dela. 

Ou será que sim?

— E dormir aqui? Esse era o meu plano.— Sana disse com um sorrisinho sacana. Então a taiwanesa voltou a carcaça de sempre, revirando os olhos. — Mas não por você, dessa vez. Vai cair um temporal e se eu voltar pra casa vou pegar chuva.

Tzuyu suspirou pela milésima vez. O que era aquilo perto da real dimensão de sua situação? Só mais um pouco de açúcar em um café super doce não faz diferença quando a garganta já está pedindo por água.

Uma Troca de Favores [NaMo]Onde histórias criam vida. Descubra agora