Meu melhor amigo - Capítulo 4.

147 7 0
                                    

Olívia,

Murilo, ele se chama Murilo. Fico muito feliz de poder chamá-lo de melhor amigo, assim que minha mãe se deu conta que não poderia pagar a fortuna cobrada pela escola, ela contatou a mãe do Murilo, que o mudou de colégio junto de mim. Sou tão privilegiada, ele concordou com tudo e tava bem feliz de, mesmo com todas as dificuldades, nos formamos juntos esse ano.

E também estava feliz, de não ter mais que aturar, certas pessoas.
O Pedro.

Sim o Mu odiava ele. E eu não o culpo, Pedro é um cara muito difícil de lidar, às vezes agressivo e muito ciumento. Ninguém quer uma coisa dessa para sua melhor amiga, ele sempre me aconselhou a terminar assim que percebeu o feitio do mesmo. Mas eu simplesmente não podia, eu sabia que não podia.

– Eu não tô acreditando, Murilo Lima! – ele odeia quando eu chamo ele pelo nome inteiro.

– Para de me chamar assim, sua vaca. – gargalhamos.

– Não, não paro! – rimos alto, eu adorava quando ele vinha até minha casa.

– Eu sou, ou não sou o melhor amigo de todos os tempos? – concordei com a cabeça.

– Ai, mas eu tô com uma preguiça, Mu. – ele deu de ombros, pois já sabia do que se tratava – Você sabe, vai, não faz essa cara.

– Que ele vá catar coquinho, pelo amor de Deus.

Quantos anos ele tem sessenta e dois?

– Murilo Lima, tu sabe que o Pedro vai encher o meu saco dizendo como é estranho que a gente tenha mudado juntos de escola, você conhece a peça. – ele revirou os olhos.

– Sim, infelizmente mais do que eu queria, contra a minha vontade. Por que você não termina isso logo de uma vez, Olívia?

Ah não, isso de novo não.

Sempre que ele me faz essa pergunta, coisas no meu estômago se reviram. Eu odeio ter contado isso para o Pedro, mas não faz mal, o Murilo não sabia de tudo isso então não tinha como adivinhar. Acho que se ele soubesse, nunca mais me trataria da mesma forma, teria pena de mim ou coisas do tipo.

– Olívia! Atenção terra chamando Oli. – ele brincou, mas quando viu meu semblante abatido parou na hora.

– Oi. – respondi seco.

– O que aconteceu? Você tá bem? – ele disse meio angustiado, e é assim que todos me tratariam se soubessem da verdade.

– Nada, acho que minha bateria social acabou. – rio sem graça.

– É, acho que é melhor eu ir indo né? – ele falou tocando suavemente meu rosto.

– Desculpa, amigo é só porque... – ele me interrompeu.

– É... é melhor, tchau. – ele se levantou muito rápido, fiquei até meio turva. Mas ele vem agido assim nos últimos tempos, pode ser algum problema pessoal.

Mas era melhor assim.
Afinal eu precisava estar bem para o dia seguinte.

Não Existe Final FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora