XVII - Espírito vingativo

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Oin, voltei!
Eu não estava planejando essa cena agora, mas pra eu voltar a mente pro universo, decidi antecipa-la. Espero que gostem.
Recomendações: leiam no escuro, a noite e sozinhos 😏
Playlist recomendada: https://open.spotify.com/playlist/1Q8kJEhyaObiJ9y8iEdBLT?si=RwEOlN_wQH28ySZNI1YPVg
Por favor, escute a partir da terceira música e em sequência.

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Deslizava os dedos suavemente criando caminhos na pele leitosa, sentindo a textura lisa das costas e deslizando-os pela umidade provocada pelo suor devido às temperaturas anteriormente trocadas de ambos os corpos em um envolvimento mútuo. Arriscava às vezes arranhar de leve com a ponta das unhas a fim de provocar um eriçar de pelos em Aphelios, que estremecia pelo toque deleitoso.

Sett assistiu hipnotizado o moreno sorrir-lhe suavemente com os olhos brilhantes antes de fechá-los pelo sono, e escutando o próprio coração nos ouvidos, o meio-vastaya se emocionava por ter conseguido o convencer de permanecer ali consigo.

Ouviu-o suspirar manhoso, e foi inevitável para Sett ficar abobado ao assisti-lo começar a ressonar. Influenciado por aquela imagem deleitosa, seus olhos começaram a se fechar tendo em mente que Aphelios seria a última coisa que veria, inspirando-o a encontrar em seus sonhos, e a primeira coisa que veria pela manhã quando acordasse.


Não conseguia decifrar muito bem o seu sonho, mas sabia que não se tratava da realidade. Cenários vagos, pessoas do seu cotidiano e conversas sem sentido. A única coisa que fixou em sua consciência foi quando Aphelios surgiu em sua visão. Não estava distante, muito menos próximo, mas era o suficiente para sentir o cheiro dele, do perfume suave e levemente adocicado lhe dava água na boca. Queria se aproximar, beijá-lo e ouvi-lo lhe dizer algo. Mas antes que o fizesse, seu corpo parou e suas sobrancelhas franziram.

Era uma sensação estranha que cresceu progressivamente.

A partir daquele instante, algo atinou em sua mente. Havia alguma coisa que queimava sua consciência. Inicialmente o incomodava, mas logo começou a lhe doer, a lhe estressar. Mesmo que ainda dormisse e tivesse consciência disso, Sett sentia algo de fora interferindo em seu descanso. Algo incômodo. Algo importuno. Algo pesado. Espera.

Sett percebeu que estava sendo observado.

A primeira coisa que Sett fez foi se acordar do próprio sonho em um susto. Seus olhos estavam arregalados, a testa suada e as orelhas em pé.  O corpo estava tenso, os pêlos arrepiados, a respiração ofegante e o coração acelerado. Seu rosto queimava como se houvesse uma mira de precisão a laser cravada em sua testa.

Settrigh estava sendo observado enquanto dormia, e ainda agora, mesmo que já estivesse acordado.

Ele conhecia aquela sensação.

Os olhos úmidos derramaram uma lágrima solitária quando os moveu em direção a porta, e suas pupilas se contraíram momentaneamente pelo susto, mas dilataram instantaneamente pelo medo. Ele conhecia aquela presença.

Ela estava ali.

A figura do banheiro que não conseguia decifrar o rosto.

Em meio ao breu, àquele vazio do quarto escuro, ela estava ali de pé, em frente a sua porta fechada. Aquela criatura que mais parecia uma sombra, como se a escuridão a devorasse e cobrisse toda a sua imagem. Não conseguia entendê-la, mas ela estava ali, de pé, imóvel e o olhando.

Os olhos se chocaram. Os calafrios bombardearam o corpo de Settrigh ao ver aquele abismo de ódio e repúdio, que almejava o destruir. Ela o encarava. Ela o fuzilava. Ela o amaldiçoava.

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