Não era óbvio?

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Esther

Estava ficando louca. Disso eu já tinha certeza. Só podia estar, para estar me rebaixando a tal nível, apenas para conseguir uma vaga atenção. E para quê? Sabendo que isso poderia ser perda de tempo, Tamaya não parecia o tipo de mulher que iria rastejar aos meus pés como muitas mulheres já fizeram, ela era o tipo de mulher que deixava você, rastejando por ela. E isso estava deixando-me louca.

Porque eu não era assim! Eu nunca fui assim. E não podia deixar que uma paixonite idiota sugasse o meu tempo e principalmente os meus pensamentos.

Deixei que o vento gelado fizesse presença em meu rosto, que curtia esse momento a sós, caminhando em direção à casa da minha mãe, precisava de um colo, um aconchego que somente Maribel poderia me dar.

Continuo caminhando pelas ruas vazias pelo horário tarde da noite, não tive cabeça quando sai da sala de Tamaya, fiquei tão sem rumo por termos ficado próximas naquele nível, que não conseguia pensar direito e muito menos soube para onde ir pelo menos por duas horas. Fiquei igual barata tonta andando de carro pela cidade. Até que me acalmei e decidi que viria visitar a minha mãe.

Ao avistar seu portão de madeira, branco e com uma caixinha de correio pequena, sorri feito criança. Aqui era o meu lugar de paz, de tranquilidade. Maribel era a única pessoa no mundo, que podia sossegar o mar agitado que estava dentro de mim por todos esses dias. Andei com mais pressa, até que cheguei e toquei a campainha, queria entrar logo, abraçá-la e beijar todo o seu rosto. Fiquei um tempinho esperando que ela abrisse o portão, até que ela apareceu, com toda sua meiguice e carisma, puxando meu corpo para um abraço muito aconchegante e carinhoso.

— Como é bom te ver, minha querida — sua voz era meiga.

— Que saudade, mãe — murmurei em seu ouvido, me afastei para deixar um beijinho em seu rosto — Sinto tanto a sua falta.

— Você precisa vir me ver mais vezes, Esther, sou sua mãe...

E a culpa começava a me comer por dentro. Porque sabia que minha mãe se sentia muito sozinha depois que papai faleceu, há três anos. Não tive como mudar-me com ela de novo, não tive porque ela morava infelizmente afastado do meu trabalho e eu morava no centro de Los Angeles, próximo ao meu emprego. E sabia que com a correria que estava o site, não tinha tanto tempo de vir com frequência e isso me deixava mal por dentro.

Eu só tinha ela e a Ada, não podia perder tanto tempo longe e deixar de construir mais momentos bonitos com ela, Maribel era uma mulher forte, cativante e com um coração do tamanho do mundo.

— A senhora tem toda razão, estou falhando com você — puxei novamente seu corpo e beijei sua bochecha — Me desculpa, mãe, eu só estou atolada de trabalho, a vida anda tão corrida...

Passei as mãos em meu rosto, frustrada. Porque além de corrido, eu estava trabalhando em um lugar que estava consumindo a minha alma. Não estava feliz em vários fatores da vida e não sabia como sair de todo o caos que estava a minha volta.

— Tudo bem, meu amor, tudo bem, eu entendo a sua correria — ela colocou sua mão em minha costa, guiando-me para entrar em sua casa.

Sentia cheirinho de lar, de apego e não podia estar em outro lugar, a não ser esse.

Nós nos adentramos no pequeno corredor, que dava em direção a pequena porta, passando por ela, retirei o meu salto dos pés, doía, e eu só queria um pequeno descanso. Minha mãe retirou meu casaco preto do meu corpo, colocando-o estendido no pequeno porta roupas, deixei minha bolsa na mesa, e fui diretamente ao sofá.

Odiosa fascinação [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora