Estou contando histórias...

Um cachorrinho chamado Bidu

No princípio, não queríamos filhos,
Éramos dois, tínhamos nossa casa,
Não era lá essas coisas,
Mas era nosso lar.

Porém, percebemos que,
Mesmo tendo um ao outro,
Tínhamos um vazio,
Um vazio dentro de casa.

Ela me disse,
Que tal um gato?
Eu, alérgico, logo respondi,
Melhor não.

Eu sentado no sofá,
Ela deitada em minhas pernas,
Sorriu para mim e disse:
Melhor assim, só nós dois.

Passaram-se alguns dias,
Eu estava um pouco exausto,
Abri a porta e vi algo diferente,
Um filhote de Yorkshire.

Olhei, achei estranho,
Ela veio toda sorridente,
É nosso filho de quatro patas,
Vai se chamar Bidu.
Olhei para aquela bola de pelos negros,
Que nem andar sabia direito,
Bem pequeno, não pesava 400 gramas,
Mas logo pensei, por que não?

A partir desse momento,
Bidu se tornou nosso xodó,
Era como um filho para nós,
Nos fazia companhia e nos enchia de amor.

Com o tempo, ele cresceu,
Tornou-se um cachorro brincalhão,
Cheio de energia e vitalidade,
Era impossível ficar triste com ele por perto.

Mesmo sem planejar,
Nos tornamos pais de um cãozinho,
E aprendemos que a vida pode nos surpreender,
E nos dar as melhores coisas quando menos esperamos.

Bidu já tinha seus três aninhos,
Nós estávamos passeando no parque,
Ele pulava de alegria, brincava com outros cães,
Mas eu senti algo estranho dentro de mim.

Decidi ir para casa,
Abri a porta e ele correu para dentro,
Começou a latir bastante,
Quando vi, ela estava caída ao chão.

Corri em sua direção,
Vi que estava quente, mas não respirando,
Tentei ressuscitá-la, mas nada dava certo,
O desespero, as lágrimas caem.

Liguei para a emergência,
Bidu deitou-se e começou a olhar,
Com uma cara de tristeza,
Parece entender o que está acontecendo.

Um ataque no coração,
Foi o que os médicos disseram,
Respirava por aparelhos,
Diziam que não tinha mais solução.

Ela se foi,
Sem ao menos me dizer adeus,
Sem me dar seu último abraço,
Sem me dar seu último beijo.

O dia cinzento,
Chuvoso e abalado,
Enterro minha amada,
Num fevereiro amargo.

Nas minhas lembranças,
Ela ficou,
Nosso sonho,
Terminou.

Eu estava deitado em minha cama,
Num domingo à noite,
Quando Bidu pulou e se deitou ao meu lado.
Parecia sentir minha tristeza,

Então ele começou a brincar comigo,
Pulou de um lado ao outro,
Por instantes esqueci o que tinha ocorrido.
Ele me fez perceber que ela ainda estava lá,

Sem ela, ele não estaria comigo,
Nossa vida teria que seguir,
Eu e o Bidu, meu cachorro amigo.

Alguns anos se passaram,
Quando eu caminhava com o pequeno,
Num petshop de um shopping,
Procurando algum brinquedo.

Bidu saiu correndo,
Eu o procurando, mas não encontrava,
O desespero bateu,
Mas uma moça o encontrara.

Este cachorrinho é seu?
Diz a dama de cabelos ondulados e negros,
Pego o Bidu no meu colo,
E aceno com a cabeça positivamente.

Bidu, você não pode fugir assim!
Digo para ele num tom mais bravo,
Quando ele late para ela,
Parecendo que queria ir ao seu colo.

Dali puxamos assunto,
Parecia que já éramos amigos há anos,
Ela disse que queria um cachorrinho,
E o Bidu chamou a atenção.

Nessa conversa, acabou virando um café,
Alguns números foram trocados,
Uma amizade começava a se formar,
Bidu ficou todo animado.

Num dia fomos a um parque,
Eu, ela e o Bidu,
Enquanto ele brincava com outros cachorros,
Nós trocávamos experiências.

Até que, num breve momento,
Os olhos se interligaram,
E um beijo aconteceu,
Uma amizade se tornava um relacionamento.

Eu estava retomando minha vida,
Com alguém especial,
E vi Bidu de longe vindo em minha direção,
Parecendo feliz com a situação.

Um ano depois, decidimos nos casar,
Emocionado, vejo ela toda de branco,
E Bidu veio atrás,
Trazendo as alianças.

Quem dera um cachorro cupido!
Mas parecia ser ela...
Para não me deixar sozinho,
Pelo resto de minha vida.

Algum tempo depois,
Eu estava fazendo o almoço,
Quando ela me abraça por trás,

Seremos pais - ela me disse.
Eu disse, mais um cachorrinho?
Ela sorriu e disse,
Não, um menininho.
As lágrimas caíram.

Bidu ficou contente e animado!
A família crescia!
Mas dali para frente,
Minha vida começou a mudar.

Ela, com seis meses de gestação,
Bidu começou a ficar doente,
Os veterinários diziam
Que era sua idade avançada.

No dia do parto,
Bidu estava internado,
A veterinária me ligou,
Dizendo para ir até lá com urgência.

Minha mulher disse,
Vá, ele é o culpado por tudo isso,
Não o deixe sozinho,
Ele é o nosso Bidu.

Quando cheguei,
Ele estava deitado,
Ele me viu e abanou o rabo,
Virou com dificuldade a barriga para cima.

Fiz um carinho nele e comecei a chorar,
Abaixei a cabeça e ele lambeu meu rosto,
Ali, ele estava se despedindo,
Parecia entender que seu dever foi cumprido.

Com um breve suspiro,
Seus olhos se fecharam,
Seu corpo se retraiu,
Bidu se foi.

A tristeza foi grande,
Memórias e memórias
Passam em minha cabeça,
Lembrei dele correndo.

Aquela pequena bola de pelos
Que me aliviou na minha maior perda,
Me ajudou a seguir minha vida,
Me fez feliz.

Com o nascimento de meu filho,
Minha tristeza diminuiu,
Minha vida teria que continuar,
Agora, minha família eu tenho que cuidar.

Com dois anos de nosso filho,
Eu estava brincando com,
Quando ela chegou
E me trouxe um presente.

Um filhote de Yorkshire,
As lágrimas caem,
Depois de relembrar meu companheiro.
Meu filho olha e faz carinho,

Ele ainda não sabe falar,
O filhote está em minha mão,
Quando, surpreendentemente,
Meu filho fala... Bidu.