ARCO 1 - INTRODUÇÃO (1/3)

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O futuro nos traiu

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O futuro nos traiu.

De fato, o futuro não traiu só a mim.

Nosso planeta está degradado, de todas as formas possíveis. É sorte o que têm os que encontram um lugar habitável para viver... É sorte minha, e de Junghwan, termos sido abraçados pelo Norte após a morte de Narae.

Depois da série de abalos sísmicos que aconteceram nos anos cem, quatro grandes colônias foram criadas para abrigar o que ainda restava da população mundial, sendo uma em cada principal pornto cardeal. Por mais que hajam rumores de colônias desgarradas espalhadas pela superfície inundada pelas ondas corrosivas dos oceanos, eu não acredito.

Não existe nada do que não está marcado nos livro e mapas do Norte. O Norte sabe tudo, então sabemos tudo se o Norte nos aponta a direção da ascendência.

- Norte à cima e Norte ao Sul, Norte ao Leste e Oeste - eu repito três vezes em frente ao espelho.

"Norte à baixo e Norte ao inferno, Norte à morte e vida à liberdade", a voz de Narae ecoa em minha mente e preciso apertar meus olhos. Preciso lavar meu rosto mais uma vez. Ainda devo estar dormindo.

Devo estar sonhando acordado, como ele fez por toda a sua vida.

Narae abria os olhos e enxergava cores, espalhava cores. Eu realmente as vi por boa parte de minha vida, agora só me resta o teto cinzento do cômodo que eu e Junghwan dividimos. O que vejo é o aço fino e gélido que ergue nossas paredes, que constrói nossa casa claustrofóbica, que vibram sempre que o sinal estridente toca pelos corredores do edifício de ouro e prata onde nós, e toda a população do Norte, vivemos.

- Hwa! Hwa, temos que nos apressar! - Junghwan bate à porta.

Ele está certo. O sinal soando não é uma marcação, é um comando - uma ordem.

O som das trancas se abrindo me faz apressar de vez. Não é opção nos atrasar um milésimo de segundo.

O desespero das manhãs e o hino perfeitamente entoado ecoando pelos corredores expostos é um maldito ritual. É necessário, é quando a ordem se mostra a melhor saída para o controle dos índices - índice de natalidade, índice de mortalidade, índice populacional, índice de criminalidade e assassinatos.

Os corpos eretos, as posturas altivas, os queixos apontados para cima - onde o norte está e sempre estará - e a porção de vozes juntas no mesmo coro, nos mesmos versos e mesmas linhas, nas mesmas notas berradas a plenos pulmões - deveria ser orgulho, mas talvez estejam trêmulas demais para isso e acabem demonstrando medo no fim das contas. "Ao Norte minha lealdade, minha vontade até à morte".

Os membros do Alto nos assistem do topo do edifício, da plataforma altíssima em meio à abertura entre os corredores, próximos demais do céu fosco da manhã.

Vivemos em paz graças a eles, os que estão no poder. Narae também não me ensinou isso.

Narae não me ensinou muitas coisas do que temos nos documentos das colônias. Me ensinou coisas demais com as quais não deveria me importar, no entanto.

Estandarte de Jade |• ATZ (Poliamor)Onde histórias criam vida. Descubra agora