25 de Dezembro

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Eu realmente odeio os sinos de Natal — Craig murmura ao passar em frente a igreja matriz de South Park.

Como em toda semana de Natal, os flocos brancos de neve caem tranquilamente sobre os habitantes da pequena cidade. Pessoas passam com sacolas e embrulhos gigantescos enquanto nosso herói apenas procura pelo melhor amigo nessa manhã tumultuada.

Por que ele odeia tanto os sinos de Natal?

Antes de mais nada, o moreno deveria ter nascido no tão fatídico dia, no feriado mundial, no dia que supostamente deve nos trazer as melhores lembranças, muito amor, carinho e toda aquela merda. Sim, na noite de Natal. Entretanto, o parto foi adiado por um mês e ele nasceu no dia 25 de Janeiro. Sua mãe, Laura Tucker, como uma boa apaixonada pela época, não se deixou abalar pelo adiantamento do parto para batizar o filho como uma homenagem à Canção dos Sinos Natalinos.

Então, no dia 25 de Janeiro, ele nasceu; Craig Adriano Tucker.

— Craig! — Clyde exclama chamando a atenção de Craig, que se vira para dar de cara com suas covinhas e seu enorme sorriso.

— Clyde... — murmura entre seu mini abraço. — O que vai fazer hoje?

— Minha mãe quer que eu compre um daqueles bolos de Natal como sempre... — revira os olhos. — Me acompanha?

Assente, já que claramente não tem coisa melhor pra fazer.

Ok, olhando assim por fora, talvez devem achar que Craig é um infeliz arrogante que odeia o Natal. Mas não é assim. Ele só não gosta da sensação que a época o traz; no Natal passado, Craig estava na merda. Bem na merda. Simplificando as coisas, ele quase morreu e passou por um transplante de coração. Sim, eles jogaram fora sua parte mais singular, e a substituíram por outra qualquer.

A partir daí tudo mudou.

Clyde sempre foi seu melhor amigo desde a época da escola. Desde que Craig ficou doente, ele tem sido sua fortaleza. Ele o obriga a caminhar e a comer vários vegetais, coisa que o garoto de touca azul odeia.

— Espere aqui, vou entrar na fila — avisa assim que entram na enorme confeitaria da cidade.

Enquanto espera, Craig encara a neve que cobre os bancos da pequena praça ali fora. De longe pode-se ouvir o coral da igreja cantando, diria que pela sexta vez, a Canção dos Sinos Natalinos. Ele faz uma careta involuntária e pensa no quão bêbado estaria se tomasse um shot pra cada vez que essa música tocasse.

Foi quando, ao olhar para um dos bancos, um rapaz de cabelos loiros extremamente bagunçados tira seu casaco gigante e se senta. Num frio daqueles, como ele consegue?

Ainda encara o garoto pela porta de vidro quando seu amigo volta.

— Pronto... Mais um Natal com esse delicioso bolo de damasco com rum! — comenta irônico e Craig volta o olhar em sua direção. — O que tanto olhava, cara?

— Tem um maluco na praça sem casaco — dá de ombros. Clyde parece confuso e olha novamente, Craig percebe que o loiro não está mais lá. — Esquece, ele deve ter ido embora.

— Ou congelado até a morte! — ri.

— Ha-ha-ha! Muito engraçado, Donovan — revira os olhos, irônico. — Agora vamos, tenho que ir pra loja.

...

— Ai querido, eu não consigo me decidir! Qual você mais gosta? — uma senhora pede a opinião de Craig, que se segura para não fazer uma expressão de nojo.

Pra ser bem honesto, aqueles presépios não são os melhores da loja, isso porque em um as peças brilham em neon no escuro, e no outro o pobrezinho do menino Jesus parece ter sofrido um acidente de trânsito.

As doze badaladas de Craig | Creek!Onde histórias criam vida. Descubra agora