Cecília
Uma semana já se passou desde que me formei, estou me sentindo tão feliz e realizada, foram cinco anos de muito esforço, noites sem dormir, sem viver. Sim, eu não namoro ninguém, nem se passava pela minha cabeça, quando entrei pra faculdade que não passou mesmo. Agora então? Nem se fala. Preciso urgente de um emprego, adoraria poder recompensar meus pais por tudo que fizeram por mim, lhes dando uma vida estável, pois decidi me profissionalizar fora do meu estado. Sou do interior de Minas e meu sonho sempre for conhecer o Rio de janeiro, aproveitei que a minha amiga Manuela mora aqui e vim. Ela me recebeu de prontidão. Seus pais são ricos e ela apenas me cedeu o apartamento, depois de muito insistir ela aceitou que eu ajudasse nas despesas. Eu tinha minhas economias e um emprego meio período por aqui, que me ajudava com algumas coisas da faculdade e a colocar algumas coisas em casa, mesmo que ela ainda negasse e batesse o pé que não precisava. Mas agora todo esse estresse de faculdade acabou, bom, vou pra rua daqui a pouco fazer uma entrevista. Estou tão ansiosa. E viajando em pensamento que nem percebo que a Manu está me encarando da porta, quando a vejo foi por que ela me fez um favor de dar um belo grito...
- Terra chamando Cecília. Terra. - ela fazia uma voz estranha, e eu não resisti, dando risada da cara que fazia junto.
- O que foi amiga? Precisando de ajuda na cozinha mais uma vez? - ela me olha com deboche, não sabe fritar nem um ovo.
- Hum, muito engraçada. Mas não! Queria te chamar pra sair hoje, cinco anos aqui e nunca saímos. Sei que tem uma entrevista hoje, mas, você vai precisar relaxar depois para esperar uma resposta tão importante para você. - ela faz biquinho tentando me convencer.
- Vou pensar no seu caso Sra Manuela. - digo, passando por ela e indo à sala. Ela vai atrás de mim, implorando.
- Ah amiga, vamos? Eu não tô mais aguentando, quero beijar, transar até ficar assada. - ok, eu não ouvi isso.
- Se contenha, assim não me fará ir. - dou um sorriso abafado. Ela olha com reprovação.
- Ok. Quando você perder sua virgindade você vai ver como é. Não sei como você consegue ficar esse tempo todo sem ter dado pelo menos uns beijos. - ela insiste.
- Nós vamos, mas não quer dizer que eu vá ficar com alguém. - acho que ela desistiu.
- Tá bom, tá bom, senhora certinha. - ela se senta ao meu lado no sofá e me abraça, ligo a TV em algum filme e ficamos assistindo durante a manhã.
O ponteiro do meu relógio já marcam as 15h, e a cada segundo que passa mais fico aflita. Estou em uma sala de espera, arejada em tons de verde claro e marrom, tudo muito organizado e muito planejado. Estou esperando a minha entrevista. De repente uma voz me alerta.
- Srta Cecília Lisboa, acompanhe-me por favor. - uma moça morena, muito linda por sinal, aparentando ter seus 28 anos, me deu um sorriso simpático e cansado ao mesmo tempo. Apenas retribui e a segui. Acompanhei a moça, hum, seu nome parece ser Amanda, eu tentei ler no seu crachá. Bom, foi um corredor, não sei se eu estava nervosa de mais ou ele era realmente muito longo. Chegamos a uma porta, e ela abriu me mandando entrar. Assim que entro meus olhos paralisam, do outro lado da mesa estava um homem muito lindo, com seu cabelo liso desgrenhado, numa cor preta. Estava em um terno azul marinho e concentrado em alguns papéis, quando a moça me anuncia.
- Senhor, aqui está a Cecília. - vi seus olhos brilharem para ele. Mas nada que pudesse corresponder da parte dele.
- Obrigada Amanda, pode se retirar. - nossa que grosso. E o nome dela era Amanda, bingo. Ela sai, mas antes vejo desapontamento em seus olhos. Apenas abaixo a cabeça e entro, sento-me na cadeira que fica de frente para ele e quando levanto a cabeça, vejo olhos castanhos claro cravados em mim, de início senti incomodada mas aí me lembrei que estava para uma entrevista, claro que ele estava me esperando falar. Minhas pernas tremeram, ainda bem que estava sentada.
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ACONTECEU
RomanceCecília Lisboa, 25 anos, recém formada em Engenharia. Convicta dos seus sonhos e objetivos, vê sua vida virada de cabeça para baixo quando vai procurar emprego em uma grande empresa e se encontra diante de um par de olhos castanhos claro. Os olhos d...