Ele me fazia feliz, olhar ele ali, com um sorriso no rosto enquanto se concentrava muito em construir seu castelo de areia.
Buscava água no mar para poder molhar a areia, sempre voltava sorrindo, parecia uma criança feliz com seu lava rápido da Hotweels.
- Amor, acho que to cansada - disse assim que vi que o por do sol estava prestes a acontecer.
- Vamos embora, então.
- Pode terminar seu castelo.
- Não, você e seu descanso é mais importante que um castelo idiota - ele chutou o castelo, que se desfez sem nenhum esforço.
- Hariel!
- Amor, tudo por você - dei risada e o puxei para um selinho.
- Eu te amo - me levantei para recolher as nossas coisas e fomos embora.
...
Estava tudo perfeito demais para ser verdade, no segundo dia de viagem enquanto eu e Hariel estávamos almoçando, recebi uma ligação de Ágatha, ela estava em prantos e mal conseguia falar, meu coração apertou quando entendia o que ela queria dizer, desliguei o telefone e olhei para Hariel, que ao ver minha expressão, parou de sorrir.
- O que aconteceu?
- O Matheus - senti meu rosto ser molhado por uma lágrima que desceu suavemente pelo meu rosto - O Matheus...
- Amor, fala logo...
- Ele foi morto - e por alguns segundos, antes de deixar ser consumida pelas minhas lágrimas, observei Hariel, que se levantou e passou a andar em diversas direções, perdido.
O sol pareceu desaparecer em um piscar de olhos, eu não tinha forças, mas Hariel estava em estado de choque, seus olhos estavam vermelhos e do caminho do restaurante até a casa onde estávamos hospedados, não teve um momento em que não existia fumaça na sua boca.
- Amor - disse assim que ele fechou o portão, dei um sorriso rápido de canto e o abracei.
Hariel afundou seu rosto em meu ombro e começou a chorar, o abracei cada vez mais forte, o acolhendo.
Voltamos para São Paulo na mesma tarde, durante o voo Hariel mal falou, passou a maior parte do tempo observando a janela. Não soltou minha mão em nenhum momento, era a única coisa que me dava certeza de que ele estava ali, não mentalmente.
Desembarcando na cidade, passamos no StarBucks do aeroporto para tomar um café, deixamos as nossas coisas na casa de Hariel que eraa mais próxima da de Ágatha e fomos ao encontro dela.
Assim que ela apareceu no portão, pude ver o quanto ela estava sem chão, enrolada em um cobertor, os rosto inchado e completamente molhado de lágrimas, ela mal conseguia me olhar.
Ali eu não resisti, a puxei para um abraço e deixei que ela chorasse em meu ombro, derramando diversas lágrimas junto a ela. Pude sentir o corpo de Hari encostar ao meu e nos acolher.
- Ele foi a única pessoa que eu realmente amei, eu não deveria ter resistido tanto para amar ele, Elena, não deveria - ela disse em meio a soluços - agora ele não está mais aqui.
- Não fique pensando no que você poderia ter feito, nada vai mudar isso - Hariel passou as mãos pelo cabelo de Ágatha, logo depois levando as mãos ao rosto, enxugando as lágrimas.
- Eu preciso tomar um banho, colocar uma roupa para ir... ao velório do meu namorado - nessa hora Ágatha saiu do abraço e suspirou fundo - eu não sei o que vai ser de mim agora, sem ele, sem o abraço dele, sem as nossas brigas - ela soltou um leve sorriso - eu nunca mais vou ouvir a voz dele, nunca mais vou poder tocar a sua pele... - ela passou a ponta de seu cobertor no rosto - fiquem a vontade, minha mãe não tá em casa, eu já desço.
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Faísca - Hariel.
RomanceEssa é a história de como eu me apaixonei por alguém que eu não poderia me apaixonar, de como o amor é intenso e insensato, de como não se pode controlar as faíscas que surgiam entre nós e principalmente, como elas se tornaram um incêndio. ///// Lei...