CAPÍTULO 02

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     O casarão que herdou dos avós era a última construção no final de um sinuosa rua asfaltada, mas que estava completamente rachada e com as listras amarelas quase completamente apagadas devido à velhice. Depois que os pais de Tobby morreram em um acidente de carro, três anos atrás, ele não teve escolha à não ser ir morar alí, já que o apartamento onde moravam antes, no Colorado, era alugado, e ele definitivamente não conseguiria pagar cerca de mil dólares por mês, já que ele sequer era empregado nessa época.

     As melhores lembranças do casarão dos seus avós ainda estavam bastante vivas na sua mente. O lugar era onde ele passava metade das suas férias de verão todos os anos, mas seus pais pararam de levá-lo depois de uma desavença com seus avós, e foi justamente por isso que os dois retiraram os pais de Tobby do testamento, deixando tanto a casa quanto uma quantia em dinheiro que haviam juntado durante um tempo para ele.

     — Não importa. — Dizia sua mãe sempre que o assunto vinha a tona, embora não acontecesse com muita frequência. — Aquele lugar está caindo aos pedaços.

     E realmente estava caindo aos pedaços, pois a última vez que alguém havia pisado lá foi para se hospedarem durante o velório do seu avô, quando ele tinha doze anos. A sua avó havia morrido poucos meses antes, e depois dessa data, o lugar foi fechado e mais ninguém teve acesso à casa (exceto pela sua mãe, dois dias depois da morte do seu avô. Ela não tinha direito à casa, mas ninguém à impediria de vender os móveis seculares e caros, assim como os quadros valiosos que a avó de Tobby gostava de colecionar).

     Quando resolveu se mudar para a enorme construção, ele ficou surpreso por ainda vê-la de pé, pois Tobias esperou seriamente encontrar apenas ruínas no lugar onde ficava a casa. E apesar de ainda estar praticamente inteira, as portas de madeira estavam meio apodrecidas, haviam alguns buracos no telhado, janelas de vidro quebradas, teias de aranha e pó por toda parte... Fora que não havia sequer um móvel lá dentro. O rapaz usou todo o dinheiro que tinha guardado para mandar concertar as coisas mais necessárias, como as portas, o telhado e as janelas, então todo o resto ele foi comprando aos poucos, logo depois de conseguir o emprego na cafeteria.

     Tobias não tinha carro (ele dirigia no carro dos pais, que ficou completamente destroçado depois do acidente), mas não ligava para isso também. A cafeteria ficava à uns vinte minutos de distância da sua casa, e ele gostava de fazer o trajeto de bicicleta.

     O jovem parou de frente para o portão que havia na parte da frente do enorme muro que cercava a sua propriedade, ele era de tijolos, sem o reboco por cima, o que na verdade ele gostava bastante. Tobby desceu da bicicleta e procurou as chaves nos bolsos, encontrando-a rapidamente no bolso de trás do seu jeans surrado. Ele destrancou o portão e empurrou sua bicicleta para dentro sem pressa alguma, cantarolando baixinho uma música aleatória.

     Tobias sempre adorou o fato de que seus avós tinham praticamente uma pequena floresta particular. A propriedade murada tinha cerca de cem metros quadrados; a casa ficava lá nos fundos, quase no limite do terreno, enquanto toda a parte da frente era preenchida com árvores frutíferas, flores e plantas ornamentais. O bosque era cortado bem no meio por uma larga estrada de tijolos hexagonais, que era larga o suficiente para um carro passar por ela sem problemas. Quando havia chegado alí, o bosque não passava de uma confusão de ervas daninhas, espinhos e trepadeiras que estavam sufocando todas as árvores, mas durante praticamente todo os dias o rapaz tirava um tempinho para cuidar do jardim, fazendo-o voltar a ser bonito gradativamente. Ele não conseguia ter todos os cuidados que seus avós tinham, mas pelo menos não haviam mais ervas daninhas e nem galhos que precisavam ser podados.

MEU STALKER [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora