o clube do livro.

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Deixa a estrelinha ☆
Boa leitura.


“O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.”




Sunoo foi o primeiro a chegar no pequeno espaço em que dividia com os colegas de faculdade. A turma da disciplina de Literatura Estrangeira era pequena, comparada a outras disciplinas, como Literatura Coreana ou Linguística Aplicada. Eram poucos os interessados no que era externo a aquele país. O curso de Literatura abrangia disciplinas tão ricas de conhecimento sobre o mundo, além daquelas fronteiras coreanas.

E foi assim, quando um professor brasileiro passou em um concurso na Carnival University, para ministrar literatura estrangeira, que criou um clube para alunos interessados em debater obras pouco ou muito famosas de outros países. Sunoo deu seu nome de imediato, era apaixonado por literatura no geral. Gostava de conhecer as mais diversas formas de se expressar através de palavras. Amava conhecer como cada língua tinha sua forma de estruturar gramaticalmente sentenças. Era belo de se ver como seus olhos brilhavam a cada sexta-feira em que sentavam em círculo, para comentar a obra sugerida pelo professor.
Tudo era fantasticamente fascinante.

O rapaz organizava as cadeiras em silencio, cantarolando uma música, enquanto esperava pelo professor e seus colegas de clube. A obra escolhida da vez era Dom Casmurro de Machado de Assis. A princípio, Sunoo achou a leitura difícil e desafiadora de ser entendida. Mas ainda assim, interessantíssima.
Lembrou-se de quando leu Otelo, uma obra de Shakespeare. Até fez uma comparação mental entre os personagens. A escrita de Machado de Assis deixava tantas interpretações, que mesmo lendo duas vezes, o jovem não conseguiu responder a inúmeras perguntas que surgiu em sua mente. Mas de certo, era a favor da personagem principal, acusada de adultério, Capitu.
Enquanto esperava, revisava suas anotações acerca do tema proposto, queria fazer algumas perguntas ao professor, sanar algumas dúvidas sobre o tipo de escrita do autor.

O professor entrou dando cumprimentos e um singelo boa tarde. Sunoo prontamente sorriu fechando os olhinhos em meia lua. Não era novidade ser o mais interessado nos debates do clube. Alguns alunos foram chegando e tomando seus lugares pouco depois. O professor organizava alguns papeis aguardando os demais.

Sunoo se sentou próximo a janela, onde conseguia ver o campo de futebol americano. Não sabia ao certo por qual motivo gostava de observar, nem mesmo gostava de esportes.

Bem, talvez o motivo acabasse de entrar pela porta da sala, passando a mão nos fios negros, jogando-os majestosamente de forma alinhada. Alto, atlético, de uma beleza encantadora e um humor ácido. Park Sunghoon. O típico atleta bem requisitado da turma de engenharia. Era o quarterback do time da universidade, e durante o clube do livro, inimigo declarado de Sunoo. Os dois dividiam um passado que guardavam a sete chaves — por pura pressão de Sunoo —.

Foi ainda no ensino médio que os dois se envolveram em uma festa de um amigo em comum, Heesung, que por sinal, também estudava ali e fazia parte do clube. Era irônico pensar que rostos tão conhecidos ainda seriam vistos depois do ensino médio, Sunoo tinha esperança de conhecer novos rostos, para sua surpresa lá estavam aqueles garotos, quatro anos depois, dividindo consigo uma mesma paixão por livros — ou talvez nem tanto —.

Se perguntassem o que dois atletas e de engenharia faziam numa aula de literatura estrangeira, bem, era bem simples de responder. Heesung estava ali porquê o australiano de sorriso fofo que mexia com seu coração também estava. Sunghoon, bem, como um ótimo amigo acompanhou Heesung — nada a ver com o fato de Sunoo estar ali —. A relação do dois embora curta, foi marcante, principalmente pela forma catastrófica que acabou.

Capitu (não) traiu Bentinho | SunsunOnde histórias criam vida. Descubra agora