CAPÍTULO 15: Folga

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Empolgado com os pulos e gritos de Dinah, Harry começou a pular também, me arrastando para um "abraço coletivo", nem deu tempo colocar o papo em dia, Harry já nos apressava para nos aprontarmos pra balada, iríamos enfim conhecer o tal bofe dele.

Enquanto me arrumava no quarto de Dinah, acabei contando pra ela como Natalie me tratava, para o espanto dela, que achava que ao trabalhar comigo ela cairia matando para cima de mim.

Chegamos ao barzinho, onde Louis, o bofe do Harry nos esperava em uma mesa lotada, de homens e mulheres, todos muito animados. Ele foi muito simpático conosco, nos tecendo muitos elogios, notava que ele se esforçava para nos agradar, sabia da nossa importância para Harry. Logicamente não me recordo de todos os nomes das pessoas que estavam naquela mesa, mas Louis nos apresentou a todos.

A noite foi muito divertida, relaxei de verdade, não se tratava de um ambiente gay, acabei me dando conta que eu não tinha o tal "gaydar" aguçado, as mulheres que eu julgava estarem flertando comigo, acabaram a noite num amasso com carinhas da mesa, enquanto Fabrício me mostrava mulheres que me paqueravam, as quais eu sequer notei a presença.

Não achei nenhum homem interessante ao contrário de que Dinah tentava me convencer, mas fui assediada por alguns. A turma do Fabrício era muito alto astral, bebemos, rimos, até meia noite e pouco, não poderíamos esticar mais tempo porque no dia seguinte Louis trabalharia na liga feminina de vôlei, por isso, Harry também não foi pra casa dele, uma vez que seu namorado teria que dormir no clube onde o time estava hospedado.

Voltamos para o apartamento de Dinah, e só ali ela bebeu, como estava dirigindo optou por não beber no bar, ligou o som, e ao som do ABBA "you can dance...", uma diva transformista baixou no Harry, dançamos como protagonistas de um musical da Broadway, cena memorável diga-se de passagem, pena que não temos registros ao menos fotográficos disso.

Acordamos os três na sala ainda, eu jogada no sofá com os pés de Dinah na minha cara, e Harry ainda fantasiado de diva pop, dormindo no tapete. Era a visão da decadência. Quando nos vimos naquela situação, o riso veio fácil, apesar da dor de cabeça que já nos dava sinais do exagero na bebida na madrugada.

Respeitando o nosso "time" de ressaca, nos arrumamos para cumprir a promessa que fizemos ao Louis de assistir o time que ele trabalhava jogar as finais, o jogo começaria às 15h, saímos mais cedo para almoçar em algum lugar, já que café da manhã àquela hora estava fora de cogitação.

Tínhamos ingressos para as cadeiras especiais, assim acompanhamos de perto o jogo entre Rio de Janeiro e Osasco. Chegamos no segundo set, Osasco, o time do Louis estava na frente. Identifiquei na quadra, sentada no banco do Osasco, um rosto conhecido, apertei os olhos a fim de visualizar melhor, e lembrei, era Laila, certamente tinha deixado o time antigo, estava jogando no Osasco.

A sirene tocou, substituição no time paulista, Laila Rangel entrava para sacar. Tenho que dar o braço a torcer, ela estava linda, o shortinho minúsculo apertado, exibindo as longas pernas, e o bumbum arrebitado, a preparação para o movimento ajeitando os cachos que se soltavam da liga, seu jeito de jogar a bola para o alto e acertá-la com uma força fenomenal em direção a quadra adversária provocou uma excitação inédita em mim, nunca havia me excitado assim só de olhar pra uma mulher que não fosse Lauren. Deveria mesmo estar a perigo, como diria Harry: "batendo palminha", pra minha sexualidade estar assim a flor da pele, aliás nem pele, a flor da vista mesmo.

O jogo foi difícil, mas o Osasco venceu por 3 sets a 0, se consagrando campeão da liga. Louis foi nos cumprimentar, eu observava Laila enxugando o suor, jogando água na nuca, depois atendendo repórteres, fãs, comissão técnica e colegas de time que chegavam para abraçá-la, Laila fez uma partida incrível, sendo a sacadora que mais pontuou na partida, com 100% de aproveitamento nos saques. Ficamos ali nas cadeiras, esperando a premiação quando notei Laila vindo em nossa direção sorrindo. Estávamos há três fileiras da quadra, ela se aproximou e logo os fãs das primeiras fileiras correram com máquinas fotográficas e cadernos de autógrafos.

Atendeu a todos, mas manteve olhando para mim com um sorriso de satisfação nos lábios, fez sinal para que eu descesse, atendi seu pedido, estando mais próxima, ela segurou na grade de proteção abriu os braços para me abraçar:

- Sei que to suada, mas quero um abraço seu, posso?

Sorri e a abracei, ela tinha um cheiro maravilhoso, nada me incomodava seu suor, pelo contrário, aumentava minha excitação:

- Parabéns... Pelo título e pela partida, não sabia que você era tão boa assim!

- Jura que não sabia que eu era boa? Achei que fosse evidente... – sorriu mordendo os lábios.

- Não conhecia sua modéstia também...

- Só fico assim quando estou nervosa e sempre fico assim perto de você, veio do Rio só me assistir jogar, mesmo?

- Nossa, tá se achando, hein? Tenho que te decepcionar, estou morando em Campinas, vim a convite do Louis, namorado do meu amigo Harry, nem sabia que você estava jogando nesse time.

- Ah... Que decepção doutora... Mas disso tudo que você me falou tem uma compensação: saber que os boatos são verdadeiros, você está solteira, né? Do contrário não estaria morando longe do Rio... – olhou minhas mãos a procura da aliança.

- ... Estou solteira sim... – abaixei meus olhos.

- Escuta... Tem compromisso hoje?

- Ah... devo ter, meus amigos querem me dar um fim de semana de diversão, tenho trabalhado sem parar há um mês... Mas ainda não me falaram dos planos pra hoje, por quê?

- Depois da premiação e todas as nossas obrigações a galera toda vai comemorar em um restaurante, depois vamos esticar um pouco, dançar quem sabe... Tá afim?

- Ah pode ser, mas não estou sozinha, estou com amigos.

- Ah relaxa, o Louis já ia levar mesmo o namorado, você e sua amiga são minhas convidadas de honra.

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