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Boa leitura

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Estava tão mergulhada no diário antigo do papai que nem me dei conta do passar do tempo, sendo despertada apenas pelo toque do meu celular

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Estava tão mergulhada no diário antigo do papai que nem me dei conta do passar do tempo, sendo despertada apenas pelo toque do meu celular. Uma chamada de vídeo com a minha amiga Cláudia.

"-Eu não acredito que você ainda não está arrumada. Peraí! Isso é uma toalha? Você ainda está só de toalha! Amora eu não acredito nisso."

Dizia Cláudia do outro lado da tela do meu celular. Diferente de mim ela já estava toda arrumada, seus lábios brilhando com gloss e iluminador nas maçãs do rosto e sobre a ponta do nariz; algo que eu já considerava uma marca registrada dela. Cláudia é descendente de chineses, seus avós vieram para o Brasil quando ainda eram muito pequenos, portanto ela ainda carrega traços marcantes de seu povo, como os seus olhos pequenos e puxados e sobrancelhas finas. Quando a conheci ela fazia de tudo para esconder esses traços usando maquiagem, diminuindo seu nariz e fazendo o possível para aumentar os seus olhos usando sombras escuras e delineador de gatinho.

Isso mexia muito a auto estima dela quando nos conhecemos na escola, pois sempre era alvo das brincadeirinhas dos meninos envolvendo sua etnia

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Isso mexia muito a auto estima dela quando nos conhecemos na escola, pois sempre era alvo das brincadeirinhas dos meninos envolvendo sua etnia. Muitos a chamavam de japonesa mesmo possuindo descendência chinesa, algo que pouco importa aos brasileiros que insistem em chamar qualquer asiático de japonês. Nos tornamos amigas quando a defendi do bullying de algumas garotas que perguntavam a ela porque não abria os olhos, porque era tão puxados? Nem me lembro o que eu disse, apenas que viramos grandes amigas por conta disso.

Com o tempo ela deixou de se importar com o que falavam dela, das brincadeiras sem graça que buscavam afetar sua auto estima, de todas as vezes que insistiam em chamá-la por qualquer nome feminino chinês ou japonês apenas por conta de sua descendência. Sua mãe havia escolhido este nome para ela porque se orgulhava muito de ser brasileira, por mais que seus avós ainda insistissem por um nome chinês, algo do qual Cláudia odiaria ter.

Ainda hoje existem alguns idiotas que tentam fazer piadinhas e brincadeiras com ela, perguntando se ela sabe falar em japonês ou chinês; algo que ela nunca teve a vontade de aprender mesmo com a insistência de sua vó. Mas aqueles que ainda fazem isso, fazem apenas para tentar chamar a atenção dela de alguma forma, por acharem que jamais teriam uma chance com ela, o que Cláudia faz questão de deixar isso bem claro. Se colocando em um patamar tão alto que qualquer ofensa seria incapaz de atingi-la; poucos conseguem encarar seu olhar de desprezo por tanto tempo.

Um Namorado Para O PapaiOnde histórias criam vida. Descubra agora