Capítulo 1 De volta as aulas
Essa é uma das memórias de minha juventude que mais tenho carinho, aquele ano foi muito especial para mim, foi quando eu o conheci. Era começo de ano e eu estava terminando o colégio, eu só tinha dezessete anos e estava prestes a entrar para a faculdade, eu tinha meu grupo de amigas que sempre me bajulavam Samyra, Kawamy e a Eliza.
Elas faziam tudo que eu queria, a maioria das pessoas ao meu redor estavam sempre me dando atenção, eu não precisava correr atrás de ninguém nem de nada, tudo que eu queria eu tinha, por conta disso me apelidaram de Pop. Além de ter meu grupo de amigas que me bajulavam eu tinha uma namorada super atenciosa, estávamos juntas desde quando tínhamos 15 anos, parecia bastante tempo eu a amava apesar de achar um tanto errado, já que eu tinha uma criação cristã.
As aulas haviam acabado de começar, minhas amigas vieram correndo me ver, parecia que não nos víamos há muitos anos, ficamos falando de nossas férias, e tudo mais, contei da minha viagem, super empolgada, Samyra começou a me contar que um cara muito legal se mudou pro apartamento da frente nas férias, mas logo o sinal tocou e entramos cada uma pra sua sala. No recreio continuamos contando sobre nossas férias a Samyra começou contar umas histórias sobre o cara que se mudou nas férias, disse que ele era Punk, que já havia esfaqueado alguém, que ele tinha vindo pra Brasília foragido, falava também que ele era lindo, o jeito que ele falava era encantador, fiquei a semana toda ouvindo falar sobre o amigo Punk e todos os dias ela contava algo sobre ele, eu sempre fui muito curiosa e comecei a querer saber quem era aquele cara que chamou tanto a atenção da minha amiga.
Minha família era bem rigorosa, meu pai era policial, era cheio de manias e sempre falava do quanto odiava gays, bandidos e etc., eu sempre me sentia incomodada até porque estava namorando uma garota e ficava me torturando pensando como eu ia contar pra ele, como eu que era tão ativa na igreja estava fazendo algo tão errado, meu pai quase todo dia dizia que não aceitaria ter filhos gays, que era errado, que iria estragar a família e blá blá blá, eu só fingia que concordava com ele, mesmo ficando muito magoada minha mãe nunca falava nada sobre só ficava na dela e minha irmã mais nova, bom ela não tinha opinião sobre já que tinha nove anos. Meu primeiro contato com o Punk foi muito aleatório, comecei a reparar em um cara de cabelo azul que quase todo dia ia levar uma criança na escola, só que estava vestido daquela forma que minha amiga descrevia, era só um cara normal, não entendi o que ela viu de tão especial nele. Eu estava indo apertar o interfone do prédio para ligar pra minha amiga, nisso ele estava descendo pra levar o menino na escola, eu passei por ele e disse Oi, ele olhou pra mim e não falou nada, mas deixou o portão aberto pra eu passar, minha amiga veio em seguida com um sorriso bobo e disse - É ele o Punk que eu falei. Eu olhei com uma cara de sonsa não tinha visto nada de mais nele, além de ter achado ele marrento e magro de mais
-Menina esse cara é estranho e sem graça
-É que as vezes ele parece duas pessoas diferentes, nessa vez você conhece ele na versão que se veste de dia.
Sinceramente um cara de 20 anos que se veste de punk é um tanto sem maturidade, me parece alguém querendo chamar atenção. Depois disso comecei a ver que ele sempre passava pelos mesmos lugares que eu, normalmente indo e eu vindo ou vice e versa, mas sempre de roupa normal, nada de moicano em pé ou jaqueta, eu comecei a me atentar na sua rotina, meio dia ele levava a criança na escola, as cinco ele ia buscar, as seis ele ia encontrar uma moça bem bonita mas com um cabelo estranho e a levava até o ponto de ônibus, eu perguntei pra minha amiga se era a namorada dele, mas ela não soube responder. Nosso segundo contato foi quando estávamos na parte de baixo do prédio e ele passou, falou com minha amiga de forma rude, assoou o nariz, limpou a mão na perna e subiu, além de babaca era porco pensei.
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Ele não vai voltar
RomancePop é uma garota de dezessete anos que vive em Brasília com seus pais, criada em uma família religiosa ela se ve em uma enorme contradição entre sua criação e um romance que vive com uma amiga de sua escola, mas as coisas mudam quando um punk se mud...