capítulo 15.2

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Pablo Gavi

Eu estrelava os dedos a todo momento enquanto via o aplicativo carregar. Acho que agora entendia como Carolina se sentiu.

Era véspera de ano novo, Carolina estava na minha cama, sentada com o notebook no colo, enquanto aguardava a vídeo chamada com sua família. No Brasil, ainda era de tarde, mas aqui, em poucas horas já seria 2023. Lina disse que essa era uma das poucas vezes que sua família se reunia inteira, incluindo seu pai e irmão que moravam em casas separadas. O que me deixava mais nervoso ainda.

- Calma, meu bem. - Ela faz um carinho na minha nuca. - Até parece que você vai bater um pênalti em copa do mundo.

- Eu preferia... Nunca conheci o pai de uma namorada, Carolina!

Ela acha graça do meu desespero, e deixa um beijo no canto da minha boca.

- Nem eu, mas deu tudo certo, não deu? - Eu faço que sim com a cabeça. - E outra, ninguém da minha família sabe falar espanhol, se eles te xingarem, você nem vai saber.

- Carolina? - Ela ri de novo, mas não tenho tempo de falar mais nada, porque a vídeo chamada é aceita.

- Ai meu Deus! - Ela exclama, vendo a família do outro lado da tela. Eu não estou no campo de visão da web can, mas posso ver o que se passa.

Mesmo sentado no sofá o pai de Carolina era alto, enorme na verdade, acho que ele tinha mais de 1,85. Ela tinha os olhos dele, mas só ela. Seus irmãos tinham olhos castanhos claros... foi tudo que eu consegui reparar.

Eles conversam um pouco, e eu não entendo quase nada, e quando eles começam a gritar, entendo menos ainda. Brasileiros e espanhóis tinham isso em comum, simplesmente falavam gritando.

- Não acredito que você esperou todo esse tempo pra falar que está namorando! - Acho que é sua irmã mais velha, Anna Júlia, que diz do outro lado. - Cadê ele?

- Espera! - Carolina responde, e eu continuo entendo poucas coisas. - Eu tenho que explicar uma coisa primeiro.

- Não me diz que ele é feio. - Acho que agora é Francisco.

- Cala a boca, Chico! - Era mesmo Francisco. - Por favor, não surtem! E não saiam contando pra todo mundo, é sério!

- Carol, minha filha... - Com certeza era a mãe. - Tá tudo bem se for uma menina...

- Ai, não mãe! - Carolina ri um pouco e olha pra mim, tentando buscas palavras. - Vocês meio que já conhecem ele...

Ela me chama com os dedos e eu respiro fundo, chegando mais perto e parecendo no campo de visão. Finalmente consigo olhar todos com mais calma. Carolina tinha puxado o cabelo levemente ondulado da mãe, porque Anna Júlia tinha os cachos do pai, eram todos meio bronzeados, menos Francisco, que era meio pálido e tinha os cabelos castanhos jogados pra trás. Carolina e Francisco eram a cara da mãe e Anna Júlia a cara do pai.

- Nem fudendo! - Francisco é o primeirona expressar uma reação, essa eu sabia o que significa porque Carolina falava sempre. Lina me disse que sua família gostava de futebol, então muito provavelmente já me conheciam....

ANTI - HERO  || Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora