Cap 16

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-Mas que merda...

-Então você lembrou.

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Trinquei os dentes com força. Eu detestava Nicholas, isso era fato, mas eu não seria capaz de matá-lo, seria?

Minhas mãos se fecharam entre meus próprios cabelos, puxando os fios com força, esperando que a dor trouxesse junto a sanidade. Eu realmente era o monstro que sempre falaram.

Quando eu finalmente soltei os fios, e encarei o homem a minha frente, eu não tinha mais medo. No instante em que minhas memórias voltaram eu tive a certeza de uma coisa, eu nunca fui uma boa pessoa, e sim um monstro que nunca aceitou sua essência.

-E o que você ganha com isso?

Me levantei, chegando próximo ao homem, examinando cada variação de postura, notando que a confiança que exalava do seu corpo a pouco tempo atrás havia o abandonado.

-Propor uma troca - Seu corpo estava explicitamente tenso, mas manteve seu olhar fixo no meu. - Eu tenho uma teoria. Viajo estudando obscurus, e vejo a forma que tratam esse assunto. Mas é se estiverem errados? Esse poder todo, não deveria ser reprimido, não é uma força parasita... Ter esse poder é um dom. - Seus olhos se animavam a cada palavra, e a tensão deixou seu corpo dando lugar a excitação. - Não percebe? As pessoas que carregam esse poder mal passam da infância. Mas você... Você foi além, seu corpo tem se mantido forte o suficiente para suportar. E eu acredito...

-Chega. - Se calou imediatamente e a excitação sumiu tão rápido quanto se fez presente. - O que te faz pensar que isso me interessa?

-Com o devido treinamento, estou certo que será capaz de controlar - Ficou em silêncio me encarando. - Não vê o quão poderoso isso pode nos tornar?

-Nada disso me interessa.

Apesar da minha resposta, não conseguia negar que estava sendo levada por seus argumentos. Eu estava começando a deixar toda a culpa pelos pensamentos recheados de vingança. Eu quis que meu pai morresse, desejei com todo o meu coração, assim como fiz com Nicholas.

A sensação de saber que todo aquele poder corria pelo meu corpo, que eu finalmente poderia pagar... Foi isso que eu procurei por tanto tempo, não foi?

-E mesmo que interessasse, o que te faz pensar que preciso de você?

Um sorriso surgiu em seus lábios, parecia que ele estava esperando por aquela pergunta.

-Nesse momento sua mãe está em um julgamento, recebendo a culpa por seus atos. - Pela primeira vez na conversa me senti vulnerável. Não temia pela minha vida, mas ela me deixava vulnerável. Rezei para que meu olhar não tivesse me entregado tanto, assim como rezei para que meu relacionamento com Hermione tivesse passado despercebido. - Mas não precisa se preocupar, tenho influência o suficiente para te garantir que ela está segura. - Um rato, influenciando diretamente no ministério. - Então temos um acordo?

Estendeu a mão em minha direção. Aceitei o cumprimento de mal gosto, no momento ele me tinha em suas mãos, o que não queria dizer que eu estivesse detestando estar nesse lugar. Alguém para acobertar esse tipo de coisa era a combinação perfeita.

-Talvez eu esteja começando a ver lucro andando do seu lado... Senhor?

-Yan.

Balancei sua mão enquanto me apresentava.

-Yan, se tiver a boa vontade de me oferecer uma boa bebida, tenho certeza que poderíamos conversar melhor.

Seu sorriso se abriu ainda mais.

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