Astromelia - Snacissa

Capítulo Único

Voldemort não tinha piedade quando se sentia traído. Não havia um comensal da morte que não saberia disso. Não havia uma alma, ser mágico, morto-vivo, humanoide, que não sabia disso. Ninguém era exceção disso. Severus Snape não era uma exceção disso.

A morte de Dumbledore era uma missão mais que dada para Draco Malfoy, e qualquer acontecimento fora disso, era traição para o Lorde das Trevas.

Mas Severus Snape não se importava. Ele foi forçado pela Black desvairada a realizar um voto perpétuo com a perfeita Narcissa Malfoy...argh...Malfoy. O homem abominava esse sobrenome, mas não relutou quando a bruxa de cabelos bicolores pediu a sua ajuda.

Severus nunca rejeitaria qualquer suplica de Narcissa. Ele salvaria Draco pela mulher. Por aquela mulher. Salvaria e mataria o mundo, pela mulher que ele sempre amou em silêncio.

Faria qualquer coisa por Narcissa Black.

O Lorde das Trevas nunca soube do voto perpétuo, e nunca saberia. Mas ele teve total conhecimento que Severus foi o responsável pela morte de Dumbledore. E endoideceu.

Torturou o professor de poções em frente a todos os comensais. A maldição cruciatus queimava sua pele pálida. Não haviam risos, não haviam choros. Havia medo. Amargura pura dentro do coração dos comensais. Eles se perguntavam: se o aliado mais fiel está sendo castigado dessa forma, o que ele fará com os outros? Bem...não teriam respostas tão cedo. Pois Voldemort estava saciado pela humilhação que havia feito Severus nutrir-se. Sorria entre as orelhas juntamente a Bellatrix que saltitava pelos cantos em rica alegria pela cena de sofrimento genuíno do homem que ela desprezava.

Bellatrix estava tão consumida pela euforia em assistir a agonia e amargura de Severus que não havia fisgado o olhar de repreensão da sua irmã.

Narcissa era a mais calada entre todos que angustiavam-se. Seu coração doía absurdamente. Deveria ser ela. Ela deveria estar sendo amaldiçoada, não ele. Não Severus Snape. Não o homem que ela sempre amou silenciosamente.

Nunca deveria ter feito aquele voto. Pensou. Deveria ter repreendido Bellatrix. Não deveria ter ido até aquela casa. Mas era tarde. Severus Snape estava sendo torturado em frente a todos, e ela não poderia fazer nada.

Bem...não agora!

Narcissa tinha um segredo. Um segredo que destruía sua alma. Um segredo que florescia cada dia mais em seu coração. Ela guardava a sete chaves. Dentro de um baú seu peito que nunca poderia ser aberto. Até hoje.

Era um dia chuvoso na rua da fiação. Os tijolos escuros das moradias estavam tão encharcados que poderíamos torce-los para tirar toda a água. Os saltos da mulher de cabelos bicolores ecoavam estrondosamente pelo beco escuro. Afinal, tudo estava muito vazio. O temporal era tão escandaloso que não havia um ser humano naquele lugar.

A bruxa paralisa em frente à porta de uma casa. Pensava se realmente deveria estar alí. Mas já era tarde, voltar atrás era suicídio. Então, ela estende sua mão coberta por uma luva de couro, e bate três vezes na madeira.

Seu coração pulava pela boca, batendo muito mais rápido do que deveria. Tentava se acalmar, mas isso se tornou impossível quando o homem de cabelos pretos surge em sua frente.

Oh...como ela amava aqueles olhos escuros, os cabelos que pareciam tão macios como um travesseiro do algodão mais puro desse mundo. E as mãos...

Mãos que agora agarravam seu pulso rapidamente, puxando o corpo da mulher para dentro sem ela protestar.

- O que faz aqui?

Severus estava nitidamente preocupado. Com os olhos arregalados para a mulher que estremecia com a água fria em seu corpo. Ele curva a coluna para ficar no mesmo nível que Narcissa, colocando as mãos em cada canto de seus braços para faze-la olhar para ele.