O feiticeiro e o deserto.

Capítulo 4

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彡★ Capítulo 4:

Me jogaram dentro do carro com força, minhas costas se chocaram contra o metal duro e isso fez meu corpo inteiro se contrair de dor. Queria não chorar, estava me controlando para não o fazer, mas ainda assim, as lagrimas quentes rolavam pelo meu rosto, estava com raiva, morrendo de raiva, consegui sentir o sangue subindo para o meu rosto que com certeza estava vermelho agora. Mordi meu lábio inferior com força, na minha cabeça chorar era demonstrar vulnerabilidade eu não gostava de chorar na frente de ninguém, nem da minha própria família, mas era inevitável quando eu estava com raiva eu chorava, e eu odiava isso em mim. Os meus sequestradores faziam piadinhas enquanto me trancavam, o que me deixava ainda mais brava, queria gritar por ajuda, mas eu tenho certeza de que ninguém viria me socorrer. Estava com medo, morrendo de medo, meu estomago se revirava de uma forma que eu nunca havia experimentado antes, minha cabeça me traia pensando em mil coisas que aquelas pessoas fariam comigo e então eu chorava ainda mais. Me envolvi com meus braços e fiquei em posição fetal, eu não devia ter falado aquelas coisas para aquele mago, eu devia ter ficado de boca fechada e aguentado tudo caladinha, sim, eu devia ter feito isso, mas, ainda assim, eu não me arrependo de ter falado tudo o que eu falei... foi apenas a mais pura verdade. Levei as mãos ao rosto para enxugar as lágrimas, foi só então que eu percebi que estava tremendo, mas eu não sabia o motivo, se era medo, raiva, talvez tudo junto. Tudo o que eu queria era que essas coisas acabassem de uma vez, talvez se me deixassem presa as coisas seriam melhores do que trabalhar como escrava na casa de alguém, não sei, não sei, não sei, não sei! Queria que isso passasse rápido, apenas rápido, me perguntava se merecia mesmo estar nessa situação, talvez fosse algum castigo divino, eu realmente não sei, pânico percorrendo pelo meu corpo, suor ensopando minhas roupas, minhas próprias unhas arranhando minha pele.

-Fique calma garota, precisamos de você inteira, se continuar se machucando dessa forma, seremos obrigados a amarrar você. - um deles disse com uma certa alegria na voz como se só a ideia disso o fizesse feliz.

Pude ver os dois se entreolhando e aí caíram na gargalhada, isso me deu arrepios, deveria existir uma piada interna ali que eu não entendi e que não gostaria de entender.

Apenas encostei minha cabeça na janela e continuei chorando.

-Ora, não fique assim. - o guarda superior disse com falsa modéstia na voz. - Você tem um rostinho bonito, com um pouco de sorte eu mesmo posso te levar para trabalhar na minha casa, aquelas fadinhas babacas nem sequer vão se dar falta de uma humana.

Isso fez com que eu chorasse ainda mais e ele parecia se deliciar com o meu choro, ser escrava de um Astris com certeza já era horrível, agora imagine ser escrava dele?

-Pronto, pronto, agora cale a boca e vai dormir, vai demorar pelo menos uma hora até chegarmos à secretaria, se não fizer isso sozinha eu mesmo vou aí fazer você calar.

Levei minhas duas mãos tremulas e algemadas a boca e abafei o meu choro descontrolado. Minha cabeça estava a mil, tudo o que eu queria era escapar e arrumar alguma forma de fugir daqui, porém seria inútil, eles me achariam tão rápido como se acha pixies no pomar.

Uns minutos se passaram e parece que os homens se esqueceram da minha existência, basicamente estavam fazendo piadinhas sujas ou fofocando coisas que não eram da minha conta. Enquanto eu tentava me acalmar senti algo saindo do bolso da minha roupa e vi uma cabeça alaranjada e dois olhos enormes me encarando.

-Francisco. - Sussurrei da forma mais feliz que me era permitido e dessa vez eu estava chorando de emoção.

Francisco piscou seus dois olhos redondos para mim e então subiu pela minha blusa. Juntei minhas mãos em formato de concha e apertei de leve aquele bichinho contra meu peito, ele estava me trazendo um certo conforto. Fiquei surpresa por ele não ter acordado durante aquela confusão, mas isso não me surpreende, Francisco sempre dormiu muito. Ficamos assim por mais alguns minutos até as lagrimas serem um resquício passado. Minha cabeça começou a pensar: por que o guarda chefe em pessoa veio me prender? Isso tudo foi por rancor? Mas não... minha cabeça começou a pensar ainda mais. Sim, estou levemente chateada por minha família não ter me contato nada a respeito sobre a dívida não estar sendo paga. Como fui tão tonta por não perceber... Provavelmente Riz sabia disso e se aproveitou do meu showzinho com o mago para denunciar minha família. Agora, como ela sabia disso? Está certo que ela é a pessoa mais fofoqueira que eu conheço, mas do que dona Vilma, mas ainda sim, é uma informação muito pessoal para ser vazada dessa forma... Talvez meu avô tenha comentado com alguém inocentemente e isso acabou se espalhando como fogo no palheiro.