Capítulo 12 - Quando Eu te perdi

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ATENÇÃO! ALERTA GATILHO! 

ANTES DE INICIAR ESTE CAPÍTULO, ME VEJO NA OBRIGAÇÃO DE AVISAR QUE TEREMOS RELATOS FORTES SOBRE ABUSO DE MENOR. EU TENTEI SER MAIS LEVE POSSIVEL, MESMO ASSIM É DIFÍCIL.

POR TANTO, SE NÃO SE SENTE CONFORTÁVEL COM O ASSUNTO. NÃO LEIA. 

CONTUDO É UM CAPÍTULO MUITO IMPORTANTE PARA ENTENDERMOS A NOSSA MARAVILHOSA SUSAN.

*   *   *

Há vinte e sete anos...

Depois do nosso encontro na varanda de sua casa, a vida de Miguel nunca mais foi a mesma. Todas as manhãs reverberava dentro dele a vontade de ser maior e melhor. Por isso, todos os dias, depois que chegava da escola, passou a trabalhar na terra da família.

Começou arando o terreno com uma enxada velha, que havia sido guardada dentro do quartinho, perto do galinheiro. De cima, pude ver como mudava a geografia do solo da propriedade.

Era bonito ver o verde dar lugar ao tom terroso escuro.

"Podemos plantar, não acha?" — perguntei a ele.

Miguel ponderou a ideia e logo concordou.

Vi as gotas de suor brotarem do seu rosto e as pequenas mãos arderem pelo tamanho e o toque da ferramenta que usava.

Passaram-se os dias e esperei para saber até quando aquela determinação duraria. Escola, trabalho duro, banho, tarefas escolares, leite e sono. Ele repetiu essa rotina por dias e dias, incansavelmente. Tanto que eu mesmo fiz questão de me aproximar para acompanhá-lo mais de perto. Era incrível como sua cabeça funcionava e logo achava soluções.

Na madrugada, mal o relógio batia as cinco horas, e Miguel estatelava os olhos planejando. Eu já o esperava, ansioso por mais um dia.

O garoto transformou tudo à sua volta.

Ajeitou o galinheiro e criou um percurso para que as galinhas fizessem todos os dias. Entendeu que elas precisavam se movimentar, ficar ao sol, depois na sombra, e se alimentar.

Consertou os degraus da escada de madeira velha, da varanda da sala.

Demarcou no chão pequenas zonas de plantio e semeou tantas sementes quantas pôde, assim como legumes e hortaliças. Tudo tirado do que sua mãe usava na cozinha.

— Miguel! — Rosa chamou da porta da cozinha.

Ele estava agachado perto das toras que cercavam a propriedade, esticando o arame que havia comprado, para finalmente delimitar as terras.

Olhou para a mãe.

— Vem aqui! — ela o chamou.

Miguel se levantou e se aproximou dela. Já quase a ultrapassava em altura e ainda nem tinha completado doze anos.

— Oi — cumprimentou sentindo-se refrescado pela breve sombra que a cobertura fez sobre ele.

Ela sentiu orgulho do rapaz que ele estava se tornando. Mesmo ainda tão criança, já era cheio de responsabilidade.

— Acredita que arrumei um emprego? — Rosa dividiu entusiasmada a novidade com o filho.

Eles entraram na cozinha.

— Sério? — perguntou Miguel franzindo o rosto. — Onde?

Ela limpou as mãos no avental para secá-las e seguiu para a mesa, a fim de ler algo que anotou no seu caderno.

— Rua Amparo, número cento e oitenta e sete — disse ao ler. — Fica um pouco longe daqui, mas é uma casa de família e o salário é muito bom.

— A senhora vai cuidar da casa?

Susan: A história de uma travesti que se apaixona por uma mulher ((DEGUSTAÇÃO))Onde histórias criam vida. Descubra agora