Angel baby - Capitulo Único

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Angel baby


Digamos que em meus poucos anos de vida, sempre me questionei sobre o que me motivava a viver, apesar de sempre ter o básico para uma pessoa normal sobreviver, não me sentia feliz, uma pessoa introvertida como eu dificilmente consegue ter algo na vida se não meter a cara e tomar decisões com firmeza, coisa que era bastante difícil para mim por ser retraído.


Sempre tive amizades de contar nos dedos, eram poucas às vezes em que sai de casa para me distrair com algo, sou reservado demais. Tudo mudou quando decidi fazer faculdade de design de interiores, com a mente criativa e agitada que tenho era fácil me identificar nessa área, mas nos 2 anos de aulas e dores de cabeça, uma coisa boa surgiu ali, algo bom, que eu não fazia ideia de que seria doloroso e ao mesmo tempo precioso. Agora descobri qual o sentido de continuar vivo, e o motivo era um certo baixinho, não que eu fosse daqueles que vivem por pessoas, longe disso, apenas sabia que ele precisava bastante de mim assim como eu dele.


Hongjoong cursava artes visuais e isso combinava perfeitamente com o seu jeito, ele também queria ter cursado moda, mas optou por artes. As roupas folgadas e customizadas por ele mesmo me passavam a personalidade de alguém que cria laços com facilidade, que tem um jeito extrovertido de ser. O observei algumas vezes de longe e vi que ele era popular e tinha muitos amigos, vê-lo sorrir daquela forma com os olhos quase sumindo me fez pensar que era alguém muito feliz, mas eu estava enganado.


Eu conhecia aquele jeito de ser, afinal já fui muito assim também, a gente fica rodeado de pessoas e elas começam a conversar e a nos fazer rir, porém na primeira oportunidade a gente murcha, o sorriso some e ficamos pensando em mil coisas até alguém roubar nossa atenção outra vez fazendo com que a gente volte para aquela "aparência enganosa", alguns caem naquilo, porém eu sei como você se sente Hong, em alguns dias consegui ver que você não era tão feliz como eu pensei.


Semanas depois você por acidente esbarrou em mim na saída do banheiro, derrubou meus livros e me pediu inúmeras desculpas sorrindo sem jeito, acabei te deixando desconfortável por te encarar demais, mas porque não sabia o quão bonito você era tão de perto assim. A partir desse dia começamos a nos cumprimentar nos corredores; dias depois trocamos mais palavras falando sobre nossos cursos, e semanas depois você começou a sentar comigo na hora que íamos comer algo no intervalo. Como você entrou na faculdade primeiro, sabia de lugares que eu ainda não conhecia e você me mostrou quase todos.


Descobri que assim como eu, você também gostava de filmes de suspense/terror, o seu favorito era "O chamado", acabei dizendo que morria de medo daquela personagem, você gargalhou e me fez sorrir de um jeito diferente, meus batimentos aceleraram, demorei a perceber que estava me encantando por você, porém preferi deixar esse sentimento guardado dentro de mim.


Meses depois fomos criando um laço mais forte, você deitava a cabeça no meu colo e me contava suas ideias, seus planos, os pensamentos sobre futuras pinturas, mas tudo soava triste Hong, eu não conseguia sentir firmeza nas suas palavras porque após me contar seus sonhos você suspirava e sorria murcho, às vezes me sentia careta por me preocupar demais, mas sempre procurei não jogar isso em você, fui cauteloso e te deixei a vontade, perguntava o básico para te deixar confortável pra que me contasse o que quisesse, e assim você fez.


Um ano de amizade e descobri que você tem depressão, nascido em uma família rica, muitos acham que pessoas como você também não podem ter problemas, você me garantiu que dinheiro não traz felicidade e eu acredito, mas também me disse que era feliz quando estava fazendo o que gostava e também quando estava comigo.

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