Medos idiotas

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Ponto de vista do Kim

Quando já estávamos na metade do caminho, Porchay começou com suas reclamações que eram irritantes em níveis que eu com certeza não teria paciência se fosse qualquer outra pessoa. Ele simplesmente ficou trocando de música insistentemente até que pareceu não aguentar mais fazer isso e então desligou tudo. Essa parte, é claro que eu gostei, pois preferia mil vezes dirigir no silêncio.

Ele começou a perguntar quase de cinco em cinco minutos se nós já estávamos chegando, e ele parecia uma criança irritante sem ter o que fazer, e eu estava quase enlouquecendo por causa disso. Ok, não é a primeira vez que fico um tempo preso com Porchay dentro de um carro, mas da última vez que foi quando estávamos voltando da praia, ele estava doente, então passou a viagem inteira dormindo, o que ele não fez agora.

— Eu acho que eu preciso ir ao banheiro, Wik. — Ele disse chamando minha atenção, e ótimo pelo menos isso daria para resolver facilmente. Eu apenas pensei em estacionar o carro, afinal ainda era uma estrada vazia e o próximo posto de gasolina ficava a quase quinze minutos daqui, mas também já estávamos definitivamente perto da casa de King, e eu seriamente ficaria pelo menos alguns meses sem sair de carro com Porchay para lugares que ficassem mais que uma hora de tempo afastados de Bangkok.

— Claro, eu vou parar e aí você pode... — Ele me interrompeu antes mesmo que eu pudesse terminar minha frase. E seus olhos me encaravam como se eu fosse um maluco, e não apenas um namorado cansado de estar com o próprio namorado dentro de um carro. — O que houve?

— Eu não vou fazer xixi no meio do nada! — Ele falou como se fosse óbvio, e eu revirei os olhos pensando no quanto hoje esse garoto está conseguindo ser muito irritante. — Sabe, pode aparecer um maluco, você não acha?

Eu queria rir, mas ao mesmo tempo me contive com minha vontade de fazer piadinhas com o meu namorado e seu medo insano de estradas vazias, porque ele assistiu filmes de terror em que assassinos matam pessoas exatamente assim. Claro, isso não iria acontecer aqui, mas Porchay tinha todo o direito de ter seus medos e eu era apenas obrigado a respeitar cada um deles.

— Certo, então você vai aguentar só mais um pouquinho porque podemos parar em um posto. — Ele fez uma expressão de nojo, e eu tentei ignorar isso, pois era muito a cara de Porchay ter nojo dessas coisas, e ele ainda era esse adolescente irritante e cheio de dramas que eu provavelmente nunca iria entender.

— Postos são nojentos e sujos. — Ele começou com seu drama enquanto olhava pela janela onde havia toda a escuridão lá fora. Eu decidi ignorar seu comentário para não perder a pouca paciência que eu ainda tinha. — Mas tudo bem, porque eu definitivamente não consigo aguentar muito tempo.

Então, não demorou tanto para que eu pudesse estacionar o carro em um posto, e claro eu precisava reabastecer também. Porchay fez muito drama sobre usar o banheiro que de acordo com ele deveria ser horrível, e eu apenas tentei não enlouquecer antes de chegar a casa de King para tomar qualquer coisa que contenha álcool, porque eu já sinto que meu final de semana não vai ser dos melhores como eu gostaria.

Porchay foi ao banheiro e me fez ficar parado em frente a porta esperando por ele, e isso depois de prometer que eu não deixaria ninguém se aproximar daquela porta. Acho que ele ainda acredita que possa haver um maluco por aqui que ataca pessoas do nada. Porém, eu me afastei um pouco, porque era ridículo tentar proteger meu namorado de algo que não existe.

E não demorou para que Chay simplesmente saísse gritando no banheiro como se sua vida dependesse disso, e eu não tive tempo de fazer nada antes que ele se atirasse em minha direção me agarrando com força e chorando. Nem sabia exatamente o que fazer, porque claramente não tinha nada dentro do banheiro, porque sim, eu olhei lá dentro antes desse garoto finalmente entrar lá.

I'll Stay Here | Kim + Porchay |Onde histórias criam vida. Descubra agora