— Oe, Usopp! Larga mão de ser besta e pega logo a lajota! — Luffy, avexado, gritava com o amigo — que se escondia amedrontado atrás de um poste — enquanto tentava, sem muito sucesso, acender um isqueiro desgastado que havia roubado da sua mãe, Dadan.
— Tu é doido, é? Essa bicha vai pocar a lajota pra tudo que é lado! — Usopp gritava de volta, mantendo uma boa distância do garoto de chapéu de palha. Não teria aceitado acompanhar o amigo se soubesse que era para aquela brincadeira infeliz, ainda se recordava quando ele e Zoro inventaram de acender uma bomba dentro de um coco no meio da rua e um dos pedaços foi parar no teto da sua casa; sentia um arrepio correr por sua espinha só de pensar o que teria acontecido se um dos pedaços tivesse tomado o rumo da sua cabeça. E como não era nem de longe um bom corredor, com certeza não ficaria menos que dez metros de distância da explosão. — Quem vai é 'coei!
Era mês de junho e como bom nordestino que era, Luffy não poderia deixar de fazer uma das principais tradições da época: soltar bombas na rua.
Fosse criança, jovem ou um adulto com alma alegre, era quase que uma obrigação acender uma bomba e jogar por aí, nem que fosse um estalinho no pé de estranhos para assustá-los.
Mas os estalinhos e as traques não eram muita coisa, o negócio mesmo era soltar um batonzinho dos grandes e melhor ainda se fosse dentro de uma lajota ou um lata de refrigerante.
Infelizmente seu amigo era medroso demais para te ajudar.
— Aí 'cê me quebra, vei! — Frustrado, Luffy se virou, jogando o isqueiro que já não funcionava na direção do moreno cacheado.
Ele estava decepcionado, mas definitivamente não iria deixar de acender aquela bomba, era a maior e mais cara que havia conseguido pegar do seu irmão mais velho!
Tratando de tentar acender a bomba novamente, usou o velho e infalível fósforo que trazia no bolso. Só que, era difícil conseguir acender com a bomba ainda em mãos e o vento frio da noite apagando o fogo.
— Qual foi, vei? Dá uma mão aqui. É só acender e sebo nas nas canela — voltando-se ao amigo, Luffy pediu insistente. — Nem vai triscar em 'ocê!
— Aonde que eu vô aí! — Usopp, no entanto, estava longe de ser convencido.
Com a recusa do amigo, Luffy voltou a atenção a bomba em suas mãos novamente e tamanho foi o susto quando deu fé do fogo na ponta do batonzinho e, num ato de desespero, jogou-a para longe antes que explodisse em sua cara.
O que o jovem não reparou, no entanto, era que a rua já não estava mais tão vazia, tampouco notou que a direção que havia atirado a bomba era a mesma que vinha uma pessoa alta com algumas sacolas. No mesmo instante que a bomba explodiu no ar, diante de sua face, o pobre do homem foi ao chão com o susto.
— Misericórdia! Luffy, seu abestado, o que cê fez?! — a voz de Usopp o recriminando soou, mas ele não ouviu, estava mais preocupado em socorrer o homem caído no chão.
Quando o alcançou, logo Luffy reconheceu o recém-chegado do bairro que trombava vez ou outra quando ia na vendinha do seu Antônio a pedido de sua mãe e ele, do pai. Trafalgar Law, ou Tral para facilitar sua vida.
Embora ele estivesse com o olhos arregalados, possivelmente passando mal de susto, Luffy não pôde deixar de reparar nas iris douradas sob a luz amarelada do poste de onde estavam. Nunca tinha os observado tão de perto e eram os olhos mais bonitos que já tinha visto.
Um resmungo dolorido do outro fez seu foco retornar, logo estava ajudando-o a se sentar enquanto Usopp corria para pedir água na casa de alguém da vizinhança.
— Céus, como você é imprudente… — Law realmente não estava bem, Luffy constatou. Do contrário estaria o xingando, já que se estressava com tão pouco, quem dirá tendo uma bomba jogada bem no meio da cara. — Não sabe que essas bombas só podem ser soltas no chão?
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Quanto mais perigoso, mais divertido
FanfictionEra Dia de Santo Antônio e Luffy, como bom nordestino que era, não podia deixar passar uma de suas tradições juninas favorita: soltar bomba. Ele apenas esquecia de considerar o quão perigosa aquela brincadeira era, principalmente para os pobres card...