Martín sentia que poderia dormir por mais doze horas ininterruptas.
Apesar de ter passado boa parte daquele dia na cama, adormecido, as horas que se seguiam às noites mais peculiares com Luciano (como tinha sido a última) eram sempre demasiadamente exigentes das forças físicas do corpo do argentino.
O que era algo que ele não entendia, considerando que, se ele pudesse arriscar dizer, seu condicionamento físico era bem melhor do que o do brasileiro.
Mas como se Luciano tivesse o corpo totalmente construído para incontáveis e inacabáveis horas de sexo, e como se Martín fosse o parceiro que ficava apaixonadamente lânguido nos momentos seguintes, os dois se destoavam nesses momentos.
Martín acabava de sair do banho, uma toalha enrolada na cintura. Olhou para as grandes janelas do quarto, vendo que o céu já estava escurecido mais uma vez, o que lhe trouxe imediatas memórias da noite passada, causando-lhe de novo uma sensação similar e simultânea de excitação e relaxamento.
O argentino ainda sentia fome – puramente de comida.
Deu pulinhos internos de alegria quando viu a refeição japonesa, que pedira para Luciano encomendar à cozinha da Ilha enquanto o loiro se banhava, em cima de uma mesa.
Mas esses pulinhos foram logo substituídos por um sentimento de preocupação quando sua visão – a qual o argentino tentava distrair da obviedade que estava sentada à sua frente – insistia em ser completamente tomada pelo ainda nu Luciano, toda a pele morena e naturalmente hidratada exposta, sentado tranquilamente na beirada da cama enquanto observava Martín caminhar pelo quarto.
O inabalável olhar sexualmente predatório do brasileiro parecia ser sempre capaz de deixar o argentino acanhado.
Martín balançou a cabeça em reprovação quando enfim olhou Luciano diretamente nos olhos.
— Vista alguma coisa, hombre – o loiro disse, sentindo que estava se repetindo sobre isso.
— No quiero – Luciano respondeu, sorrindo de lado.
O argentino suspirou, pegando um sushi delicadamente com os dedos.
— Você não vai conseguir qualquer coisa hoje. Estou cansado.
— É sobre tentar e nunca desistir, mi amor, não é mesmo?
— Luciano... – Martín o olhou com uma expressão na qual se misturava estafa, mais reprovação, e um leve encantamento com a quantidade de estamina que aquele moreno tinha no corpo.
— Tá bom, tá booooom...! – o resmungar do brasileiro ficou preso quando Luciano, feito um adolescente que ele definitivamente não era mais, jogou-se na cama, se deitando e dobrando o corpo pra trás, numa cambalhota desajeitada, até alcançar a outra ponta do móvel.
Observando o moreno daquele tamanho agindo de forma tão profundamente brincalhona, Martín se perguntou se o brasileiro também o enxergava como o mesmo complicado menino loirinho que ele conhecera quando os dois ainda eram crianças.
Porque Martín nunca conseguiu desaprender as formas de Luciano – ele nunca conseguiu deixar de ver o brasileiro como o moreno realmente era, porque parecia que Luciano simplesmente nunca mudou em nada.
Martín se apegava com afetividade (e parecia não notar o quanto pensava nisso) à noção de que Luciano apenas cresceu em altura. Ganhou mais e mais musculatura. Outras partes de seu corpo também tinham crescido...
Mas o brasileiro continuava sendo o mesmíssimo, em todas as suas versões.
Sempre.
Tão sedutoramente otimista quanto sensualmente implacável.
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Private Dreams (BraArg) (PT-BR)
Fanfiction"Eu não acho que será possível para o Brasil conseguir se reerguer de todo o vexame futebolístico que ele tem enfrentado nas últimas décadas. Esse maluco deveria simplesmente desistir do papel de melhor do mundo, porque ele realmente não é mais". Es...