Os olhos dela sempre tomam minha mente, só pela mera tentativa de lembrar de tudo aquilo. Parece que foi breve, olhando de fora, mas na verdade eu estava imersa em sensações desconhecidas. A principal delas foi o afeto. Tentar explicar o que é o afeto para mim é uma das coisas mais difíceis que tem. Do que ele me representa, a forma como me desconcerta e também me refaz.
Eu estava deitada de bruços com minhas costas nuas, quando senti o toque da sua boca nela, depois outro e mais outros beijos. Algo sem pressa, parecia que ela queria aproveitar cada centímetro. Tinha calma em tudo aquilo que fazia enquanto tocava meu corpo, que me fez perceber como eu nunca tinha sido tocada. Era gentil.
Parecia que ela percebia todos os lugares em que me doía a alma e tentava amenizar com seu toque. E por dentro? Eu não me cabia com tudo aquilo. Eu tinha vontade de chorar e por incrível que pareça estava morrendo de tesão ao mesmo tempo. Acho que nunca tinha presenciado alguém ter sido tão sincera e cuidadosa ao me tocar. Meu corpo todo tremia porque eu sentia verdade em tudo aquilo, tudo aquilo mexia comigo de um jeito que sempre quis desejar.
Acreditem ou não, isso não tem nada a ver com sexo. Eu sempre tive muito pudor com meu corpo, de não me sentir desejada e não fazia ideia de quando isso iria acontecer. Porque até então, ser tocada parecia uma obrigação para logo em seguida "merecer" algo que eu poderia oferecer.
Pensar em afeto me remete a várias coisas, mas a principal delas é que ele precisa ser dado sem pretensão. Você não solicita, não cobra e muito menos nota quando ele está presente. Ele simplesmente te invade.