Capítulo 5

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— Bom dia, Tomlinson. — Há um sorriso jovial em seu rosto no ápice em que ele entra, logo depositando sua maleta sobre minha távola. — Acordei com o expressivo sentimento de que hoje será o dia.

O dia.

Não sei o que significa.

Não sei se desejo saber o que significa.

Não obstante, é fatal não instigar-me, afinal, minha morada tem sido invadida por ele, dia sim, dia não.

E jamais, dentro de 2 irrestritos meses, havia vislumbrado seu sorriso. 

— Não me olhe com essa cara. — Reprova. — Hoje será o dia em que voltará a escrever.

Paraliso.

Há algo na maneira em que ele curva o corpo para acender as velas, os cachos despencam sobre sua face ao empenhar-se em conter o sorriso.

Meu coração falha uma batida.

Como ele sabe?

Caso um dia eles descubram, serei torturado vivo.

Reflito este fato.

Torturado.

Não seria este, o castigo magistral a compensar todas as incalculáveis mortes que infringi durante a guerra?

Quando retomamos o exercício com o papel esmagado, meu arremesso acerta seu rosto.

Pela segunda vez, ele sorri.

É, ele acertou, o dia.

Assim que me entrevejo só, impulsiono-me no leito.

Apenas acato que superei-me quando estou em frente a távola com uma pena de corvo molhada a tinta em minha mão.

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