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A primeira vez que Draco foi às masmorras visitá-la, foi apenas por curiosidade. Ele ouviu Fenrir rindo com Yaxley sobre "um cachorrinho da Corvinal" que eles jogaram no porão. Draco sabia que as coisas estavam ficando ruins, mas era difícil para ele acreditar que os Comensais da Morte estavam realmente sequestrando estudantes de Hogwarts. E se fossem, ele estava curioso para saber quem.

Só por curiosidade, só isso.

Não era difícil, no caos geral da Mansão naqueles dias, escapar despercebido. Ele abriu caminho por passagens secretas que só se abriam para os Malfoys, tateando por túneis escuros e respirando a umidade e o mofo.

Eventualmente, ele emergiu na masmorra central, um espaço sombrio com chão de terra e vários instrumentos de tortura pendurados nas paredes. Um cercado com barras de ferro estendia-se por toda a extensão do outro lado. Atualmente abrigava dois ocupantes. Draco lançou um breve olhar para Ollivander e então se virou, seu estômago embrulhando. Uma coisa era saber que Ollivander estava aqui, mas outra coisa totalmente diferente era ver o homem que deu a Draco sua primeira varinha enrolado em uma bola no canto de uma cela. Ele estava aparentemente dormindo, respirando superficialmente.

Draco desviou o olhar para o outro ocupante mais novo e se assustou, dando um passo para trás. Os luminosos olhos azuis de Luna Lovegood olharam para ele na escuridão.

Que merda, ele pensou inexpressivamente. Ele pensou que Fenrir e Yaxley estavam se vangloriando; eles tinham que estar, porque não havia como eles terem sequestrado um aluno de Hogwarts. Mas aqui estava Loony Lovegood, piscando para ele do chão das masmorras de sua família.

Isso era... ruim.

Draco sabia que eles estavam trabalhando para um louco. Claro que ele sabia disso. Ele já sabia disso há muito tempo. Mas Lovegood? Que possível valor estratégico Lovegood ou seu excêntrico pai poderiam ter? Ninguém sequer leu aquele maldito embrulho de peixe. A única explicação que Draco conseguiu pensar foi que eles sequestraram Luna porque queriam e porque podiam. Seria um milagre se ele próprio conseguisse sobreviver à guerra. Ou mesmo nas próximas semanas, pensou ele sombriamente.

Conforme seus olhos se acostumaram à luz fraca, ele pôde ver que Luna estava sentada contra a parede oposta da cela, abraçando os joelhos contra si mesma. Ela estava descalça e suas roupas estavam rasgadas e manchadas. Seu cabelo havia sido trançado em algum momento, mas a maior parte havia escapado da trança, formando um halo de cabelos loiros e finos ao redor de seu rosto.

"Draco," ela disse, sua voz rouca por desuso. "Você veio me torturar?" Seu estômago deu uma reviravolta lenta e desconfortável. Ela perguntou isso com tanta naturalidade, como se estivesse pedindo uma pena emprestada para ele na aula. Como se ela esperasse por isso. Aqui está Draco; ele é um Malfoy, então deve estar aqui para me torturar.

"Não", ele disse. "Você está..." Ele parou no meio da frase. Como um idiota, ele estava prestes a perguntar se ela estava bem. "Eu não sabia que você estava aqui," ele disse, sem muita convicção.

O fantasma de um sorriso tocou seus lábios. "Isso é legal", disse ela. "Eu me perguntei."

Legal. Draco se sentiu mal. Ela achava que ele estava aqui para ser gentil? A bondade era um luxo que ele não podia pagar e, de qualquer forma, nunca tinha sido sua praia. "Isso não muda nada", ele retrucou.

"Sim, um pouco", disse ela. Seus olhos arregalados brilharam na escuridão. "Draco, você fará algo por mim?"

Draco soltou uma risada. "Provavelmente não", disse ele. A crueldade foi um reflexo, mas a resposta era verdadeira. Havia tão pouco que ele pudesse fazer por ela.

Because I know no other way | Draco & LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora