Amélia

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Em meio a esta noite chuvosa,me vejo atirada no chão,com diversos ematomas,
e cortes em meu corpo.

Não vejo porquê chorar,meus choros e esperniados,
nunca, foram atendidos,fui ignorada pelos meus vizinhos,

Com a desculpa de que :
"Ela vive assim porque merece"
Ou
"Tem que aprender a respeitar as normas que se põem em casa "

Enfim, meu casamento,
tava mais para uma algema, colocada em meus dedos.

Não foi como eu imaginei,
Para onde foi o amor que ele me prometeu?
Onde estão os nossos sonhos?
Me vejo pensando se minha vida está acabando...

Eu acabo de escutar um barulho vindo da porta da frente.
Ele havia saído para comprar uma bebida.
Não imaginei que ele voltaria tão cedo.

Ele abre a porta da cozinha e me vê atirada no chão.
Com uma cara de raiva e desgosto ele diz:
"AGORA ALÉM DE PUTA É VAGABUNDA"

Eu me levanto rapidamente
Um movimento após o meu ,ele pega uma garrafa de cerveja e arremessa em minha cabeça ,por ser de vidro ela se despedaça e de repente vejo sangue escorrendo em meu rosto.

Eu não senti o impacto da garrafa, ao invés disso eu me senti quente ,e uma sensação estranha e cheia de melancolia, correu pelo meu corpo.

Eu não escutava nada , só conseguia ver sua silhueta escurecendo e logo após virando de costas e saindo , falando algo, que não conseguia entender pelo movimento de seus lábios.

No fim eu caí no chão,que parecia um mar quente e acolhedor ,que envolvia o meu corpo.

Eu acordei com luzes vermelha e azul , vibrando em meu rosto ,e ardendo meus olhos.

Vejo levemente eu entrando em uma ambulância,e um pouco ao lado o teto de uma vã de polícia.
Logo após eu desmaio novamente e acordo no hospital.

Um policial disse que alguém denunciou anonimamente o meu marido ,e coincidentemente me acharam,jogada na cozinha com a cabeça sangrando.

Ele disse que não conseguiu ter contato com meus familiares,e que uma técnica de enfermagem iria me acompanhar naquele momento.

Foi me avisado que, logo que eu me recupera-se ,era para eu depor como vítima,e relatar todo o abuso que estava sofrendo.

Eu estava mal ,mas não pelos meus machucados,e sim pelo fato de eu não ficar feliz ou aliviada com essa notícia.

Eu não sentia nada,como se isso fosse continuar me atormentando pelo resto de minha vida.

Fiquei de repouso em minha cama,à tarde eu fui tomar um café no pátio do hospital,a técnica me acompanhou e me levou em uma cadeira de rodas .

No fim do dia fui para meu quarto ,eu ainda sentia muitas dores na cabeça e necessitava de uma pequena dose de morfina ,mas a enfermeira por algum motivo não foi ao meu quarto ,por isso não consegui dormir,e aqueles meus pensamentos voltaram a me atormentar.

Eu não tive escolha eu precisava dar um fim a tudo aquilo , minha vida já não tinha motivo para viver ,eu me senti libertada ao ver essa opção, então peguei os lençóis,envolvi em meu pescoço e amarrei a uma viga no teto de meu quarto , então apenas me soltei ,me larguei a essa solução,e eu digo nada no mundo me arrependeria dessa escolha.

No fim sinto uma sensação quente e acolhedora envolvendo meu corpo ,me sinto leve ,como se estivesse voando, é finalmente,eu estou livre.

Amélia Onde histórias criam vida. Descubra agora