Something wrong.

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O silêncio está me matando.

O caminho para o CT nunca pareceu ser tão longo quanto hoje. Pedri mal falou um 'a' desde que entrei no carro, apenas disse que estava bem quando perguntei e durante o fim de semana, ignorou quase todas as minhas mensagens. Eu não sei o que fazer. Eu não sei o que aconteceu. Eu não aguento mais suas respostas rasas e sorrisos falsos toda vez que tento puxar algum assunto.

Estou a 5 passos de surtar.

Agradeço mentalmente quando chegamos e assim que desço do carro, sorrio para o garoto na esperança de ter alguma reação de volta. Mas Pedri apenas faz um leve movimento com a cabeça antes de colocar as mãos no bolso e seguir seu caminho.

Durante o treino, tento me distrair com os exercícios para ignorar o fato que, desde que chegamos, Pedri interagiu com todo mundo normalmente, estava mais quieto mas não deixava de sorrir para ninguém e nem evitava diálogos, sinto que eu sou o problema. E o meu maior problema é não saber porque sou o problema.

O treinador estava formando duplas para treinarmos passe de bola e para minha sorte, ou não, somos uma dupla. Logo que Xavi fala nossos nomes, viro em sua direção, tendo pela primeira vez no dia, seu olhar voltado para mim. Infelizmente volto para a realidade quando o garoto vira seu rosto em outra direção.

Nossos passes são bons, assim como sempre fomos uma boa dupla dentro e fora de campo. Percebo que fui tomado pela minha irritação quando chuto forte e a bola atinge sua coxa direita. Arregalo os olhos processando o que fiz sem querer mas Pedri apenas torce o nariz, como se não tivesse sentido nada e volta a chutar a bola em minha direção. Deveria ter chutado no meio das suas pernas.

[...]

- Ei, o que aconteceu com vocês dois? - Ferran pergunta andando ao meu lado enquanto aponta o queixo em direção a Pedri que estava mais à frente.

- Sinceramente, gostaria de saber também. - falo olhando para o chão, prestando atenção nos meus passos.

- Como assim? Vocês já conversaram? O que aconteceu? - o mais alto pergunta passando o braço pelos meus ombros.

- Ele não quer falar comigo, Ferran. E eu não tenho ideia do que aconteceu. - respondo devagar.

- Pedri não é assim, que história estranha... Tem algo em que eu possa ajudar? - ele parecia preocupado e admiro isso em Ferran, ele é um bom amigo.

- Não precisa, tenho que fazer isso sozinho mas, obrigado Torres, sabe... Por me escutar! - sorrio tímido e recebo em troca uma mão bagunçando meus cabelos.

Estamos em intervalo, o vestiário agora cheira a suor e desodorante, não é uma mistura muito agradável mas já se tornou rotineira. Espero todos saírem até que só sobra Pedri e eu no lugar.

- Ei Pedri...

Chamei seu nome calmamente e os mais velho pareceu hesitar um pouco antes de passar reto até o seu armário.

- Pedro González. - tento parecer firme mas a minha voz parece fraquejar. Pelo menos, dessa vez tenho sua atenção para mim.

- Hm? - o moreno pergunta evitando me olhar.

- Será que você pode parar de me ignorar, por 5 minutinhos que sejam? - solto um suspiro sofrido e totalmente involuntário. - Por favor...

- Eu não estou te ignorando.

Sinto minhas bochechas arderem de irritação enquanto caminho até o garoto. Seguro seus braços fortes e o faço sentar no grande banco que fica na frente dos armários.

- Não seja cínico em falar isso, Pedro! Não faz seu tipo. Você mal respondeu as minhas mensagens no fim de semana, posso contar nos dedos às vezes que trocou uma palavra comigo ou sequer me olhou. Onde eu entro você sai, se eu tô perto você se afasta, nem da merda daquela bolada você reclamou!

Namoradinho. - Gadri.Onde histórias criam vida. Descubra agora