(Vol. VIII) Ano VI p.e. ⎥ Sem vida.

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O PERÍMETRO INDUSTRIAL AONDE a grande fábrica que serviu de refúgio para os Salvadores estava localizada, não passava de um extenso cenário de concreto maciço, escombros e os restos dos mortos

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O PERÍMETRO INDUSTRIAL AONDE a grande fábrica que serviu de refúgio para os Salvadores estava localizada, não passava de um extenso cenário de concreto maciço, escombros e os restos dos mortos. Todo o local ao redor do Santuário poderia ser facilmente confundido com um bairro de trabalhadores em uma cidade comum – talvez em seus dias mais normais, que agora pareciam tão longínquos – mas que não passavam de alguns quarteirões desertos como um verdadeiro bairro fantasma.

Galpões fortificados e feitos de tijolos subiam em direção ao céu enquanto eram descascados pelo tempo. Enormes containers azuis de lixo foram abandonados e pintavam desleixadamente a visão de sacos plásticos pretos, entulhos e caixas para todos os lados. Dividindo o espaço com caminhões em perda total, cercas de tela galvanizada e algumas poucas casas parcialmente caídas e totalmente abandonadas.

Tudo era cinza e sem vida, do chão debaixo de nossos sapatos surrados até o céu. Nada tinha cor, além de tijolos de barro vez ou outra e o escuro apodrecido dos restos mortais carimbados há muito tempo em alguns locais aleatórios. Isso me parecia ironicamente conveniente, afinal, o clima triste e sem vida que perdurava já há tantas horas combinava exatamente com o humor que tomava o meu fôlego.

Meus pensamentos eram focados e frios. Eu estava os obrigando à ser. Mas todos sabemos quem realmente dá as ordens dentro do nosso ser. E o meu cérebro pessimista estava me sacaneando à cada novo passo dado sobre aquele pátio em uma das quadras industriais. Derramando em minha veia os pensamentos venenosos do que eu poderia encontrar a partir de agora... ou nunca mais encontrar...

Eu sabia o quanto a minha mente era criativa.

Meus músculos tensionados pela ansiedade pareciam se enrijecer e doíam em cada avanço. Estava com um dos meus punhos cerrados, a mesma mão que segurava os pontos feitos por Rosita, e aquele nervosismo parecia tão desesperador à ponto de fazer a dor do ferimento se tornar apenas um processo da rotina.

Havia algo terrível e muito maior cobrindo qualquer tipo de dor física que poderia me alcançar.

O meu olhar atento examinava o ambiente ao nosso redor com cautela. Tanto em busca de novos perigos como também em busca de alguma pista que poderia nos levar até o paradeiro do homem que perseguíamos. A minha mão mais ágil e sadia segurava com força a arma, mantendo o dedo próximo ao gatilho, mas também me dividia para observar o homem que caminhava silenciosamente há alguns passos de mim. O homem de olhos atentos, respiração pesada e expressão raivosa.

Daryl não havia soltado muitas palavras, além de uma ordem ou outra de vez em quando. Ou para apontar em direção a um possível novo rastro em alguns locais – e que acabaram nos levando exatamente para aquele bairro em questão. E, se por um lado eu entendia bem o motivo de todo o seu silêncio, por outro, eu sentia o meu coração sangrando gota por gota, como uma torneira folgada que sempre acabava fazendo um barulho irritante durante a noite.

Ele tinha as suas razões. Estava preocupado, aflito e possivelmente culpado, assim como eu. Mas, não era possível negar o enorme elefante rosa que parecíamos carregar sobre nossos ombros de forma tortuosa. Todo o pesadelo que se iniciou tinha um estopim. Talvez um estopim fodidamente errado e completamente bizarro, fruto de um homem surtado com graves problemas psicológicos, mas ainda assim, o tinha. E, como se eu conhecesse aquele caçador como a palma da minha mão mutilada, eu sabia que Daryl havia apontado todas as setas para si.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora