Dia 06: Y

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Fui despertada de meu sono ao ter um facho de luz em meu rosto, abrindo os olhos e os fechando rapidamente. Franzi o cenho, umedecendo meus lábios e mexendo o meu braço, recordando-me então que estava com Astorm ali e esse foi o incentivo para que eu abrisse os olhos novamente.

Desencostei a cabeça de seu peito, olhando minuciosamente para aquele rosto angelical que carregava uma expressão serena.

Analisei sua pele, passando por suas sobrancelhas, descendo para suas pálpebras fechadas e me deixando perder em seu nariz fino. Desci os olhos para sua boca que carregava um tom rosa natural, tomando um pouco de destaque da sua pele pálida.

Ergui a mão que estava em sua cintura até o seu cabelo, tocando as mechas maiores e enrolando em meu dedo, sentindo a maciez de seu cabelo sedoso. Suspirei.

Voltei a deitar a cabeça em seu peito, fechando os olhos e mordendo o lábio inferior ao ouvir seu coração ritmado, tão calmo quanto as ondas que se quebravam no mar ao lado de fora.

Sua respiração também era calma, compassada, se misturando com o canto dos pássaros que voavam livres pelo céu azul clarinho acima de nós e era tão bonito como esses sons pareciam se completar para mim.

Fiz alguns círculos com a ponta do meu indicador em sua barriga desnuda, sorrindo de lado ao ter percepção que estar com Astorm era o mesmo que entrar em um mundo repleto de paz. Eu nunca estive totalmente em paz antes, nunca me senti tão bem em algum lugar, mas eu me sentia agora e por Deus, era tão bom.

— Eu amo o canto dos pássaros. – Me deixei sorrir ao ouvir aquela voz rouca baixinha – É tão bom você ir para algum lugar calmo, com uma caneca de café e ouvir esses cantores da natureza fazerem o seu show. São espécies tão lindas e delicadas.

— Não sabia que você gostava de pássaros.

— Eu não conheço muito, mas eu amo admirar. – Senti seus dedos adentrarem meu cabelo, começando um carinho calmo ali – Uma vez eu dei a louca e resolvi viajar para Colômbia e lá tem um pássaro que encanta nossos ouvidos com seu canto mais do que perfeito.

— O que foi fazer na Colômbia? – Soltei um riso.

— Eu não sei, apenas me deu vontade de ir – Foi sua vez de soltar uma risadinha – Eu fiquei em uma pequena pousada lá e eu não sei porque mas esse pássaro estava bem na minha janela. Cyphorhinus aradus, é o nome dele. – Mordi o lábio inferior ao ouvi-la falar – Ele tem um canto tão elaborado e bonito que eu acabei me perdendo ali com ele por uma hora, apenas o olhando como se ele fosse um pequeno serzinho mágico.

— Eu adoro quando você fala sobre essas coisas, sabia? Você tem uma forma de olhar as coisas bem diferente de como eu costumo fazer e eu acho bonito.

— Pra mim é normal ver o mundo dessa forma – A olhei e ela deu de ombros – Gosto de observar e guardar cada detalhe que eu conseguir em minha cabeça.

— Eu acho isso tão atraente em você – Sorri ao ver uma coloração avermelhada em suas bochechas – O que mais você gosta de admirar?

— Pandas. – Sorriu – Eu amo o jeitinho atrapalhado deles, como se fossem crianças baderneiras e eu acho por algum motivo que eles tem a alma tão livre sabe? Amo as borboletas também. Acho gracioso o jeito em que elas batem as asas ou o simples ato bonito que é elas estarem apenas paradas.

Notei um brilho em seus olhos ao falar das coisas que gostava e era tão fofo esse seu lado mais inocente.

— Por alguma razão eu amo observar pessoas idosas também – Soltou um riso – Amo as histórias que eles têm para contar, amo a forma em que as rugas ficam mais visíveis quando sorriem. Isso mostra o quanto eles já viveram e eu acho tão bonito. Os cabelos grisalhos ou até aqueles que os pintam. Algumas tatuagens desgastadas que se encaixam em cada ponto de suas histórias... São apenas fascinantes demais.

The beauty of StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora