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Aos poucos Lauren desperta, ao abrir os olhos vê sua janela aberta com as misturas das cores do céu. Em um pulo ela se senta na cama se lembrando de tudo que aconteceu e revive aqueles momentos em sua memória até que se lembra da agulha e passa a mão no local que a agulha entrou, ela verifica se não há furo algum naquela área, e de fato não há, seria um simples sonho tudo aquilo? Aquela seria sua pergunta mais frequente, constatou, mas também sabia que jamais teria resposta para aquilo.

Sem saber o que pensar a jovem se pôs de pé e foi ao banheiro do quarto que se encontrava em desordem, em cima da bancada havia vários produtos que tirou de sua bagagem assim que chegou a casa de seus pais e sem paciência para aquela bagunça toda apenas tirou a embalagem de de remédio que havia acabado de dentro da pia e jogou na lixeira ao lado da bancada, se abaixou lavando seu rosto e quando levantou olhou para o espelho a sua frente notando a pele pálida sem vida junto aos lábios roxos, um sorriso saiu de sua boca mas por dentro Lauren sabia que estava apenas fingindo não se importar. Abaixo da bancada dentro do armário branco velho retirou uma bolsa transparente de remédio na qual pegou alguns desses e colocou na boca engolindo, a muitos anos ela aprendeu que não havia necessidade de água para aquilo.

Escovando os dentes logo após escorou na porta e voltou para o mundo do seu sonhos, lembrou da árvores que estava a sua volta e também lembrou da vestimenta do homem que a sequestrou, da roupa que usava e a mulher, eles se vestiam com tecidos reluzentes, brilhantes e branco, Lauren fez uma careta lembrando do fato do homem estava no jardim num dia ensolarado e mesmo assim se vestia com roupas daquele tipo, a mulher que mesmo usando o tradicional jaleco de médico o tecido da roupa também era reluzente, estava tão assustada que só reparou no quão estranho aquelas pessoas se vestia agora em casa, lembrou do tom da pele deles e sentiu um incômodo no fundo de si e de repente lembrou, lembrou de um símbolo que continha tanto na blusa do homem quando no jaleco da mulher. Voltou a realidade e cuspiu na pia lavando sua boca, apressada correu até sua mochila e retirou de lá um caderninho junto a um lápis que logo deram vida ao símbolo que lembrara. Com as pontas dos dedos e os olhos fixados contornou aquele símbolo e sentiu uma sensação de que ja havia visto aquele símbolo antes, mas onde ?

- Podemos conversar? - assustada com a voz do pai a jovem deixa o caderno cair no chão e seu pai se agacha para pegar e a entrega em suas mãos notando o desenho que havia ali.- O que é isso ?- indagou observador.

- Não sei, apenas...lembrei.- Um pouco sem saber se contar ou não Lauren conta uma meia verdade e nota ser o suficiente pois seu pai logo muda de assunto sem mais questionamentos.

- Filha, eu e sua mãe queremos conversar sobre ontem- diz sério.

Mesmo sabendo que ele se referia em chegar em casa correndo e se trancar no quarto, um leve tremor passou por seu corpo ao lembrar de tudo que sentiu no quarto antes de ir para aquele sonho.

- Ok. - disse engolindo em seco.

Ambos desceram para sala onde a sua mãe estava esperando sentada no sofá e passando a maos que suavam muito na calça que usava. Bart se senta ao lado da esposa e pega as mãos da mesma trazendo para seu colo sorrindo rápido para ela se tranquilizar, Lauren se sentou em frente aos pais e ainda não acostumada com aquele tipo de coisa se contraia acanhada.

- Quer nos contar o que houve querida? - Bart da partida na conversa. Um silêncio constrangedor se cria na sala e todos se mexem desconfortáveis. - sei que é tudo novo para todos aqui mas...rs, estamos preocupados.- os olhos de Merida brilham esperando a resposta de sua filha mas ao perceber que não viria a intensidade do brilho foi se perdendo até não haver mais.

Lauren não estava fazendo de propósito, ela não sabia como lidar com os pais, no hospital aonde ficava quando acontecia algo que precisavam repreender a sua atenção não havia muito diálogos, apenas a outra pessoa dizendo que era errado e no final Lauren concordando e indo embora, ela queria dar uma resposta que os pais gostariasm, mas qual ? O que dizer? E se falasse algo que fizesse eles não se agradarem, ela sabia que era filha deles mas passaram tanto tempo longes que talvez uma palavra errada faria com que o amor deles por ela acabasse e ela não tinha muitas pessoas em sua vida, não conhecia quase nada então ao invés de responder uma coisa qualquer decidiu se manter calada e imóvel.

- Tudo bem querido, quando se sentir a vontade ela vai vir falar com a gente não é meu amor ?- abriu um sorriso tranquilizando a filha que com a boca amarga e seca pelos remédios a respondeu.

- Sim.

- Tudo bem, vou preparar o café da manhã.- Merida se levantou rápido em direção da cozinha pois estava a ponto de chorar e não queria que sua filha visse e ficasse mais abalada ainda, Bart preocupado foi atrás. Lauren por outro lado sentiu uma pontanda no coração e na cabeça, angustiada por não ir atrás também de sua mãe ela jogou seu corpo no encosto do sofá e fechou os olhos que miravam antes a grande estante de livros antigos dos seus pais.

Por minutos a garota ficou assim até que aquela posição começou a ficar incômoda e quando abriu teus olhos sua visão captou algo que a intrigou. Na segunda prateleira do topo notou um livro preto, se destacando dos demais que eram de tons claros forçando os olhos mais, notou o símbolo que desenhara minutos atrás em sua lombar e em um ato ágil tratou de subir no sofá para alcançar o tal livro, que ao puxar veio com facilidade e descendo do sofá contornou novamente o desenho. Ele era de capa dura, era preto e liso, nenhuma letra ou desenho, apenas o símbolo na lombar. Intrigada carregou o livro em suas mãos até a cozinha onde encontrou seus pais abraçados rindo mas sequer notou, estava fascinada pelo livro como se estivesse presa.

- Pai ?- chamou em pé na porta sem desviar os olhos do livro.

- Sim ?

- Desde quando tem esse livro?

- Esse livro que segura? Estava na estante?

- Sim.

- Posso ver ?

O pedido chamou a atenção da moça, rápido olhou para seu pai que havia esticado uma das mãos para pegar e de certo modo acoada Lauren entregou a seu pai que logo vasculhou o mesmo em busca de informações como escritor ou o próprio nome do livro mas não achou e devolveu a sua filha.

- Na verdade não faço a mínima ideia de onde veio, você sabe, querida ?- Merida intrigada com interesse da filha apenas acenou negando.- sinto muito querida, provavelmente em algum momento devo ter ganhado e apenas guardado na estante. Tudo bem ?- pergunta tranquilo.

- Sim, curiosidade apenas.

Sem esperar mais resposta de seus pais a garota correu escada acima e sentada apoiada a cabeceira de sua cama abriu o livro tentando desvendar por que sonhou com aquilo.

Trindade De FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora