A dor é muito subjetiva, muito pessoal, muito sobre o contexto. Há uma notícia falsa circulando por anos agora que diz que um parto é o equivalente a 20 ossos quebrando no seu corpo, há pessoas que dizem que se sentiram como se estivessem sendo rasgadas ao meio.
Eu trabalhei dez anos para exércitos da Rússia e dos EUA, você ficaria chocado com o quanto eles precisam de um obstetra. A quantidade de abortos realizada é brutal demais para qualificar como humana.
Eu nunca engravidei e não tenho planos para isso, o que eu sei com certeza é que cada parto é diferente, e que a dor depende do cenário do momento e da preparação antes do nascimento, sobretudo se não houver analgesia e anestesias adequadas.
Então quando eu chego para o meu plantão e alguém me diz que há uma mulher em trabalho de parto há 14 horas, minha primeira pergunta é: porque prolongaram tanto a dor? É uma daquelas mães que querem a ferro e fogo um parto normal? É um caso complicado?
O obstetra de plantão estava no corredor quando eu cheguei.
"Yelena, ainda bem que você está aqui. Essa mulher vai morrer se não fizermos alguma coisa." Ele disse aflito.
Não é comum que demonstremos nossas emoções na frente dos pacientes, mas entre nós médicos é comum, muito aceitável e até muito sadio que nos desesperemos um pouco.
"O que houve?" Eu disse nos encaminhando à sala de preparação. Enquanto eu me lavava ele explicava sobre a situação.
Uma mãe silenciosa, claramente em agonia, mas não estava reclamando de dor, não pediu por eperidural, não pediu morfina, não pediu vodka, não estava xingando a quinta geração das famílias dos envolvidos no parto.
Ela chegou sozinha, caminhando, informou que a bolsa estourou, esperou tudo pacientemente e seu bebê simplesmente se recusa a sair.
Talvez seja um caso de a mãe não estar fazendo força suficiente.
"Como estão os trabalhos de respiração e os exercícios de empurra e para incentivar a dilatação?" Eu pedi analisando o prontuário.
"Ela é uma guerreira silenciosa, faz tudo o que pedimos, mas claramente está agonizando." Ele disse me passando os números de pressão da paciente e do bebê.
"Ela teve um pré-natal adequado?" Eu pedi vestindo meu avental e jaleco. Eu calcei meus crocs de dinossauro e estava pronta para a luta.
"Sim, é um nome importante. Fez o acompanhamento completo aqui." Ele explicou andando comigo pelos corredores.
O que diabos está errado?
Talvez seja um daqueles partos incomuns. Os partos tendem a ser eventos muito comuns. Sinta as contrações, veja a bolsa estourando e venha para que retiremos o bebê. Simples. Muito raramente são histórias loucas em táxis e horas de dor. A ciência dos partos evolui a cada dia.
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MY GIRL
RomanceKate Bishop e Dra. Yelena Belova aguardam ansiosamente o nascimento da bebê Anya. Mas Anya tem seus próprios planos, atrasando sua chegada. Através da dança, música e um vínculo especial, eles descobrem que Anya pode estar esperando por algo mágico...