I became the female protagonist killed by the Villain (Novel)

Capítulo 8.3- Memórias

  Quando abro os olhos novamente estou num quarto escuro, parece que estou realmente presa na memorias de Vivianna, Cass deve estar realmente preocupada neste momento. Tento ver o que há de tão importante nessa memória, mas assim que dou um passo, uma sensação de que eu não senti há muitos meses me surpreende. Olho para baixo e noto que estou usando as minhas reais roupas, meu jeans gasto e all star amarelo se destacam nesse quarto estranho.

  Meu corpo?

  Procuro um espelho desesperada e em frente a uma cama de dossel de cores escuras. Me aproximo com pressa e vejo o rosto familiar.

  Achei que se um dia eu pudesse voltar ao meu corpo eu ficaria entusiasmada, mas ao me ver sinto uma leve decepção. Meus olhos castanhos parecem sem graça perto dos violetas, meu cabelo curto alisado não tem a curvatura e o comprimento saudáveis, meu corpo magro não parece tão atrativo ou saudável quanto um corpo gordinho. As únicas coisas agradáveis são as que eu acho semelhantes às de Vivianna.

  Droga! Esse é o meu corpo! Eu não devia estar tão decepcionada.

  Cerro os punhos com força, mas curiosamente não sinto a dor das unhas. Olho para minha mão direita e a aperto dessa vez cravando as unhas, mas não há dor, na verdade mal sinto a sensação do toque. Atordoada, olho para o espelho novamente, mas ainda sou eu refletida, levo a mão ao meu rosto e o reflexo faz o mesmo movimento, mas o toque de meus dedos apesar de esfregá-los com força é como esfregar uma pena, mal posso sentir.

  Se esse não é o meu verdadeiro corpo o que é isso? Olho ao meu redor em busca de pistas sobre onde estou, mas não há nada familiar. O quarto está quase que totalmente escuro pequenas lamparinas iluminam as paredes, a decoração parece rica já que noto que há algumas esculturas e quadros na parede que gritam riqueza, mas não a riqueza do meu mundo. Quanto mais olho esse quarto mais certeza tenho que apesar de esse ser o meu corpo, isso ainda parece ser o mundo do livro.

  Aquela pulseira está mexendo com a minha mente de novo?

  Olho para o pulso vazio e fico aliviada em não a ver, mas se não é ela, por que estou aqui?

  Um murmúrio no quarto faz com que eu assuste.

  Busco a fonte do som, mas o quarto grande não há muitos lugares para se esconder além da cama de dossel que está com suas cortinas escuras fechadas. Minha curiosidade é mais forte que meu receio e vou em direção a cama, quantos mais me aproximo mais os murmúrios se parecem com palavras.

  Na verdade, uma única palavra. Quando minhas mãos se aproximam para abrir a cortina eu finalmente consigo compreendê-la.

  "Amorinha."

  A voz masculina sussurra, a palavra é dita com extrema suavidade, mas sinto a tristeza irradiando em cada letra. Assim, como aconteceu com o garotinho sinto o desejo de apaziguar aquele que chama esse nome com tantos sentimentos.

  Dou os primeiros passos para me aproximar, enquanto empurro a cortina, mas minha mão atravessa o tecido, fecho os olhos quando vejo que darei de cara com o tecido, sinto um leve toque passando por meu corpo, e para minha surpresa quando abro os olhos novamente eu atravessei a cortina. Penso em testa a teoria de ter dado uma de Gasparzinho, mas a cena na cama me paralisa.

  Deitada na cama está a inerte Vivianna, sua pele está pálida e sem cor, e por mais que eu queira sei que se eu me aproximasse eu não ouviria o som de seu coração ou sentiria sua respiração. Ela está morta, assim como no livro. E um homem em uma armadura ensanguentada ajoelhado ao lado da cama segura suas mãos sem vida. O nome Amorinha sussurrado por entre seus lábios trêmulos.

  Olhar para o corpo morto que habitei nos últimos meses me traz uma sensação terrível então tento focar no cavaleiro ajoelhado. O homem é estranho, mas ao mesmo tempo familiar. Tento ver seu rosto, mas ele está com o rosto pressionado nas mãos do corpo sem vida, deixando a imagem de seus cabelos negros ensanguentados.