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Os burburinhos incessantes se espalhavam por aqueles extensos corredores brancos. O choro agudo de crianças se misturava em clamações pertinentes de adultos e no som dos alto-falantes, que vez ou outra emitia algum pedido, reverberando por todos os lugares.

Vegas se encontrava parado de frente ao enorme balcão da recepção do hospital, aguardando, pacientemente, a morena a sua frente fazer uma rápida verificação de dados no computador, de modo a lhe assegurar a informação correta, quando sentiu algo um baque contra suas pernas. No primeiro momento, sentiu seu coração retumbar no peito, pelo susto, mas após encarar aquele pequeno ser choramingando baixinho, enquanto escondia o rosto entre os tecidos da sua calça sarja, se permitiu sorrir.

— Quarto 1306A. — A mulher atrás do balcão fitou Vegas rapidamente, sorrindo de maneira reconfortante e estendendo-lhe um papel com a numeração informada.

Vegas pegou o papel entre os dedos, agradecendo à recepcionista com um aceno de cabeça, enquanto ouvia mais alguns choramingos abafados vindo daquele grudado nas suas pernas. De quem era aquela criança? E, por que havia se agarrado a ele, como se ali fosse sua salvação?

Sem fazer qualquer movimento repentino, para não causar pânico ao pequeno, se virou. À medida que as delicadas mãozinhas diminuíam o aperto, observou o rapazinho, que aparentava não ter mais do que dois anos, o encarar com os olhinhos cheios de água e uma boquinha tremida, indicando que não tardaria a cair no choro.

— Oh neném!

Acariciou o topo da cabeça do pequeno, se abaixando para ficar o mais próximo possível dele, arrumando alguns fios revoltos, sorrindo quando a criança inclinou a cabeça para receber seu carinho.

— Hey... você tá perdido?

Assim que fez a pergunta, se repreendeu mentalmente, achando-se um tolo por tê-la proferido em voz alta. Na sua frente, encontrava-se uma criança que, em um contexto rápido, não parecia compreender nada do que estava acontecendo, como caralhos ele ia saber o que é está perdido? Como se contrariando seu pensamento, o menino fez um biquinho, franzindo o rosto e deixando escapar a primeira lágrima de seus olhos, antes de abrir a boca em um berreiro.

— Papa... buáááá buow! Papa.

— Hey garotinho, calma. O tio aqui veio visitar alguém, mas posso procurar seu papai antes, só me mostra de onde você veio, hum?

— Papa... tio?

Vegas sorriu com a confusão estampada no rosto do pequeno e levando a mão, mais uma vez, acariciou o topo de sua cabeça. Ele estava preocupado com Macau, mas em hipótese alguma deixaria uma criança tão fofa, como aquele garotinho parado na sua frente, sozinho.

— Qual o seu nome, hum? — perguntou, tentando estabelecer uma conversa com o pequeno, que havia parado de chorar e agora apenas o encarava parecendo encantado. Sem obter uma resposta, resmungou: — Ótimo Vegas, ele vai te responder... olha neném, vou segurar na sua mãozinha e juntos vamos procurar seu papai, ok? Mas não chora ou vão achar que estou te sequestrando.

Vegas se colocou de pé novamente, olhando de soslaio para a recepcionista que agora conversa com uma colega de trabalho, sem nem ao menos se importar com o que acontecia ali. Pensou que se fosse um raptor de criancinhas indefesas, as duas mulheres não seriam um problema para suas ações. Sacudindo a cabeça em negativa, voltou a encarar o pequeno de cima, lhe estendendo a mão, negada de pronto. O menino ergueu os dois braços na sua direção, as mãos fazendo movimentos de abrir e fechar, os olhinhos ainda encharcados.

— Colo... colo.

Vegas ampliou seu sorriso, aquela criança era realmente adorável, mas isso poderia ser um problema. E se não fosse ele ali? Se fosse algum tipo de pervertido? Quem era o irresponsável que deixava aquele anjinho perambulando sozinho? Que tipo de pais aquele menininho fofo tinha? Sentiu a indignação o atingir, ao mesmo tempo que não conseguia deixar aquele sorriso bobo perpetuar em seu rosto.

Destiny↬VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora