O feiticeiro e o deserto.

Capítulo 5, Leaf.

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彡★ Capítulo 5, Leaf: 

Não lembro muito do que aconteceu quando passei pela porta do quarto, apenas percebi que era um cômodo pequeno, com duas camas em cada extremidade e uma cômoda simples onde guardaríamos nossos "pertences". Leaf me indicou minha cama e explicou que as roupas de cama e a camisola estavam guardadas na cômoda e que nós mesmas precisaríamos lavar as roupas usadas em uma lavanderia externa. Fiquei a observando por um momento e acho que a constrangi, pois ela disse que precisava verificar se as outras meninas estavam bem acomodadas nos outros quartos e saiu. Me apressei em tirar o anel de ferro de dentro dos meus seios. Por ora, não sabia onde guardá-lo, então, em um impulso, o coloquei debaixo do colchão. Francisco saiu do bolso da minha camisa e ficamos sozinhos no quarto. Após um dia tão cansativo, confesso que só queria dormir. Não percebi que já estava deitada, com Francisco em cima de mim. Lágrimas escorreram pelas minhas bochechas, e chorei. Chorei por tudo, até adormecer.

Parece que só se passaram alguns segundos entre o momento em que adormeci e quando abri os olhos. Leaf estava de pé, pegando algumas coisas na cômoda, já vestida com sua roupa de empregada. Assim que me sentei, ela me viu e sorriu.

— Bom dia, dorminhoca. Ah, isso é para você. — ela empurrou dois produtos nos meus braços. — Você ainda está um pouco grogue, mas precisa se apressar, se arrumar, porque em breve Madame Ayla virá aqui explicar algumas coisas para vocês.

Apenas pisquei em resposta. Com certeza, minha cara estava inchada de tanto chorar, além da sujeira acumulada no meu corpo desde o momento em que fui arrancada da minha casa. Tateei à minha volta, mas Francisco não estava lá. Olhei para a janela, que estava aberta. Talvez ele tenha saído. Por um lado, senti tristeza, meu único amigo dentro daquela casa me abandonara, mas tentei me manter positiva. Afinal, Francisco às vezes sumia e ficava horas fora.

— Vem, vou te mostrar onde fica o banheiro. — ela disse, me puxando pelos braços e me empurrando para fora do quarto.

A primeira coisa que fiz foi tomar banho. As ordens dos superiores eram claras: deveríamos estar limpas e apresentáveis para trabalhar na casa. Fui até o local onde os empregados tomavam banho, empurrada por Leaf. Eram dois banheiros públicos, divididos por sexo. O banheiro das empregadas me surpreendeu por ser limpo e, estranhamente, grande. Havia chuveiros um ao lado do outro e armários onde cada uma guardava seus materiais de higiene, que, segundo Leaf, eram distribuídos uma vez por mês. O que ela me entregou era um sabonete sem cheiro e um líquido grosso e de aroma estranho para os cabelos. Definitivamente, esse "luxo" me surpreendeu. Não imaginava que teria pelo menos uma cama para dormir e um lugar para me higienizar. Talvez fosse um privilégio ser trazida para cá. Achava que dormiria em um celeiro e que, com o tempo, por causa da falta de higiene, ficaria doente e morreria. Mas, pelo visto, meus superiores não queriam isso.

As outras mulheres pareciam um pouco envergonhadas ao se despir na frente umas das outras, e não paravam de olhar ao redor para ver se estavam sendo observadas. Já as veteranas não se importavam. Para elas, aquilo parecia tão natural quanto comer ou dormir. Escutei uma delas dizendo para uma novata que, conforme se trabalhava naquela mansão, o banho se tornava a parte menos constrangedora de toda a "experiência".

Assim que terminei de me banhar, fui direto para uma sala separada dos chuveiros, onde ficavam os armários com as roupas do trabalho e os materiais de higiene. Eu me sentia mil vezes melhor depois de ter me livrado de toda aquela sujeira. Uma mulher estava parada no centro da sala, segurando um molho de chaves. Ao me aproximar, ela me entregou uma chave sem cerimônia e disse que o número na chave indicava meu armário, onde encontraria roupas limpas. Me vesti e, ao passar o vestido preto pelos braços, soltei uma exclamação. Meu machucado estava mais roxo do que nunca, e eu nem percebera durante esse tempo.