CAPÍTULO - 27

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Minhas pálpebras pareciam estar grudadas. A tentativa de manter meus olhos abertos causavam um forte desconforto. Tudo estava extremamente branco no meu campo de visão e minha face estava molenga.

- Léo, acorda !! - a voz era familiar. Eu não estava sozinho.

- Vamos lá, sou eu !!!.

- Onde estamos ? - foi o que consegui perguntar sem que minha língua doesse ao se movimentar.

- Não sei, algum tipo de sala. Todos nós estamos aqui.

- Aqui onde ? - virei o rosto para o outro lado e me deparei com Nicolas deitado e me observando.

- Acha que consegue se levantar ? - ele perguntou. Aos poucos meu campo de visão estava começando a ficar menos embaçado.

- Sim, consigo - menti.

Alguns minutos se passaram. Meus ossos e órgãos estavam voltando ao normal. Eu estava voltando.
Consegui me sentar e notei que haviam várias pessoas na sala a minha volta. Todos vestiam um jaleco branco de hospital. A maior parte deles também tentava se levantar.

Nicolas estava sem uma das pernas, o que não fazia sentido. Tudo estava confuso. Seria um sonho Tudo isso? Ou um pesadelo ?. Faltava saliva em minha boca.

- Acho que estamos em Paradisus Léo. Todos fomos capturados .

- Jura ? - juntei mais forças, levantei, dei três passos e cai no chão novamente -. Desculpa, eu devo ter bebido. Alguns clarões e imagens turvas passavam rápido entre meus olhos.

Não sei dizer quanto tempo fiquei nesse estado. Minha consciência não estava 100% posicionada ao meu corpo e tudo à minha volta parecia perder o sentido. Demorei para recobrá-la.

A sala em que estávamos era bastante ampla. Totalmente branca no teto, chão e nas paredes. 30 pessoas estavam na sala. Marco e Valentina se encontravam mais ao centro do grupo de pessoas. Nicolas continuava deitado no chão, ele não se sentia seguro andar só com uma perna.

Eu observava o espaço a minha volta tentando encontrar algo de diferente. Uma saída parecia não existir. Mas fomos parar aqui dentro de alguma forma.
Algumas conversas iniciaram. Todos, com exceção de Marco manifestavam preocupações quanto ao nosso estado.

- Conseguem se lembrar de algo ? - a voz de uma mulher ecoou pelo recinto.

- Eu lembro de ser capturado... Sim, eu estava escondido numa fazenda e fui pego de surpresa por um deles e agora estou aqui - um homem de cabelo raspado declarou, devia ter uns 28 anos. Um silêncio momentâneo imperou na sala.

- Eu estava abrigada na biblioteca de uma escola quando eles.... quando eles ... - uma garota começou a chorar. Seus longos cabelos ruivos estavam desgrenhados. Ela não conseguira completar sua fala.

Havia um padrão, todos nós tinha como última lembrança o momento de nossa captura. Eu não estava gostando nada daquilo.
Aos poucos outras memórias foram voltando até mim. O papai, a mamãe, Victoria, o menino do zoológico, o bunquer e os...

Valentina veio até nós e me abraçou fortemente. Seus olhos estavam rodeados de olheiras escuras e ela carregava um semblante mais cansado que os demais.

- O que faremos agora ?

- Eu não sei - coçei a cabeça sem resposta -, vamos esperar até que alguém derrepente apareça.

- O que houve com sua perna ? - Valentina se ajoelhou próximo a Nicolas.

- Eu sempre tive uma perna, por quê a pergunta? - A voz dele estava embargada.

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