Naquela manhã, ao acordar, senti um cansaço profundo, tanto físico quanto emocional, meus olhos estavam marejados, inchados e vermelhos, consequência de ter adormecido chorando na noite passada. Fazia dias que meu pai não aparecia em casa, ele sumiu sem deixar rastros e me deixou com uma dolorosa incerteza e com pensamentos acelerados que se repetiam em uma frequência absurda...
- Luisa! - ouvi meu nome ser mencionado juntamente com fortes batidas na porta. - Luisa! - as batidas continuaram.
As batidas na porta e a voz grave que menciona meu nome era-me extremamente familiares, eu ponderei por alguns momentos para saber se realmente deveria abri-la ou não, porém não tinha outra opção, teria que atender mesmo com o meu rosto, visual e cabelo totalmente horríveis.
- Oi...
- Luisa! - vi um enorme vulto me empurrando e entrando na casa sem mesmo dando tempo de perceber quem era.
Quando me virei para trás fiquei totalmente imóvel ao vê-lo em minha frente, meu coração disparou juntamente ao meu corpo que recebeu uma pancada de adrenalina de uma só vez fazendo-me perder um pouco do equilíbrio e cambaleando para trás. Lá estava ele, Miguel Lopez, um dos maiores traficantes e mafiosos do méxico, em São Paulo e Nova Iorque se passava despercebido por apenas um homem de 45 anos, caucasiano bronzeado como sotaque forte, quando na verdade revela-se ser a segunda pessoa mais temidas que já conheci, o primeiro era meu pai, que também usava o disfarce de empresário internacional.
- M-Miguel? - gaguejei ainda com a boca seca do susto. - Como deixaram você subir?
Aquilo me gerou uma estranheza muito grande, fazia anos que Miguel não nos vinha visitar em São Paulo e meu pai se escondia como um vampiro se esconde da luz, o porteiro do nosso edifício que ficava localizado na Faria Lima, não tinha ordens para deixar ninguém subir.
- Isso não importa. - ele se virou para mim e ficou me encarando como se quisesse me matar.
Os olhos de Miguel me amedrontavam, era como se eu tivesse voltado a ter quatro anos de idade, morria de medo dele quando criança e ao ver aqueles pares de olhos castanhos esverdeados me fitarem depois de tantos anos me fez sentir um medo extremo e irracional.
- Eu estou aqui porque nem você, nem o México e nem essa porra de mídia ia vai atrás do seu pai. - ele se sentou no sofá empurrando meus cobertores com um certo olhar de nojo. - Você sabe que se os Estados Unidos ou a justiça daqui colocar aos mãos em seu pai, ele é um homem morto, não sabe?
Miguel se expressava muito bem apesar de falar portunhol* tudo nele me amedrontava, altura, corpo, personalidade...
- Luisa, eu estou falando com você. - ele gritou me assustando.
- Miguel, eu...hãn. - disse me recuperando do susto. - Eu sei que meu pai sumiu, eu estou disposta a procurá-lo
Era um momento de muitas dúvidas para mim, todavia, Miguel não era o tipo de pessoa que tolerava perguntas.
- Como soube que ele desapareceu? -continuei. - Como veio parar aqui e porque esta no Brasil? - indaguei baixo e apreensiva.
- Você é burra, ou se faz? - falou em um tom de deboche se aconchegando no sofá. - A máfia me avisou, os estadunidenses querem a cabeça dele e você até agora não fez nada. - arqueou as sobrancelhas.
Eu sabia que Miguel era um filho da puta, mas nem tanto assim a ponto de não se colocar no meu lugar diante daquilo, sinceramente não conseguia entender o motivo do meu pai tê-lo como melhor amigo.
- Miguel, eu estou tentando! - gritei sem pensar com um forte incômodo na garganta de tanto segurar o choro. - Você já pensou em se colocar no meu lugar, caralho?! Desde que o Hugo se foi eu não tenho mais forças pra nada.
Ele inevitavelmente me fez explodir como uma dinamite mexicana ao se colocar na posição de julgador.
- Quem diria, você fala! - ele riu e disse novamente em tom de sarcasmo. - Chega de ficar ai chorando como uma fodida da cabeça, se quer procurar seu pai vai ter que ser mais forte que isso, vai ter ser mafiosa por um tempo e mafiosas não choram.
Ele se levantou do sofá e cruzou os braços ainda olhando para mim, Miguel era um homem alto, tinha cerca de 1,95 de altura, sua sombra cobria todo meu corpo quando estava em minha frente.
- Arrume suas coisas, temos que resolver pendências além das fronteiras.
*Portunhol: Portunhol é uma , que designa a (língua auxiliar), originada a partir da mistura de palavras da e da .
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O Mafioso da fronteira: Amor e violência
RomanceLuisa Perez de 22 anos, filha de Fernando Perez, um mafioso mexicano que residia no Brasil que desapareceu se vê obrigada a buscar pelo pai com Miguel Lopez Garcia, um mexicano de 45 anos, amigo de longa data de Fernando, os dois cruzam as frontei...