" jisoo "
Fiquei observando a paisagem daquela deprimente janela que havia naquele quarto, ainda no mesmo estado, ainda pensando em como fugir, em como sair dali, em como provar que eu não era louca, nunca fui louca. Porque estava sendo taxada assim?
A porta atrás de mim se abriu junto a um pulo que dei pelo o susto, era ela mais uma vez, parecia tão suave quanto a última visita feita mais cedo, ela sorriu parando no encosto da porta, parecia me esperar para alguma coisa.
- Vamos ao jardim? Está um dia lindo lá fora.
- Não quero...
- Jisoo , por favor, eu estou realmente tentando fazer da sua hospedagem melhor, sei que é longe do que quer, e é longe do que quero te oferecer, mas me deixe tentar. Por favor?
Seu pedido parecia sincero, mas porque eu deveria confiar nela? Ela trabalhava naquele lugar horrível, ninguém dali era de confiança, pelo menos não aos meus olhos. Caminhei até ela, sempre mantendo uma distância razoável entre nós duas, olhei por cima do meu ombro e havia dois enfermeiros logo atrás da gente, altos, musculosos e carregavam com eles armas de choque provavelmente para caso eu tentasse alguma fuga. Já havia entendido que durante o dia "fugir" era algo impossível.
Muitas mulheres no jardim, mais velhas que eu, algumas nem tanto, me encaravam, com pena e dor, pareciam saber sobre o meu destino ali, como sabiam? A mulher me guiou até um banco, me incentivando a sentar ali, mas eu me levantei assim que ela se sentou ao meu lado.
- Não irei te machucar, Jisoo.
- Mas eles sim - rebati olhando para os dois homens ao lado dela.
- Estão dispensados por enquanto - a mulher falou fazendo assim os dois homens saírem de perto, eu ainda a encarei durante um longo tempo antes de finalmente me sentar mas não tão perto assim - Me chamo rosé, e vou cuidar de você até se adaptar aqui, acho que já estava na hora de me apresentar a você - meus olhos não saiam dela, não saiam porque simplesmente ela olhava diretamente nas órbitas dos meus olhos, e era quase impossível me desconectar deles - Você pode me achar a vilã de tudo, mas eu não sou, Jisoo-
- Todos que trabalham aqui são horríveis - murmurei.
- De fato, você está certa. Mas nem todos são assim por natureza, somos obrigados a sermos frios com os demais, não espere muito das outras enfermeiras e até mesmo de mim, estou fazendo o que sempre fiz com as outras pacientes.
- Quando vou poder voltar para casa? - tive esperança, muita esperança quando ela suspirou lentamente.
- Você não irá voltar pra casa, Jisoo - a sua frieza na voz me machucou, tanto que a minha vontade foi pular em cima dela, e soca-la até minhas mãos doerem, mas pra que eu faria aquilo? Ela era maior que eu, havia enfermeiros maiores, eu poderia... poderia morrer se fizesse aquilo - Essa é a sua nova casa e você terá que se acostumar.
- MAS O QUE EU FIZ PRA ESTAR AQUI? -gritei a todos pulmões me levantando, eu só queria saber o motivo pelo o qual estava ali, apenas aquilo.
Senti duas mãos em meus braços, mas logo rosé se levantou pedindo para os homens me soltarem, o que foi feito. Eu caí de joelhos no chão, chorando e socando o gramado, querendo mostrar a todos a minha dor, mas principalmente a minha dúvida, eu sou competente normal, minha sanidade está saudável... eu estou saudável...
Me cansei depois de um longo tempo tendo aquele ataque, já não existia a parte verde da grama na qual eu desferi os meus socos, só havia um monte de terra e coisas assim, minhas mãos sangravam, estavam cortadas em diversos lugares, agora sim a dor física me tomava aos poucos.
- Deixem comigo, podem se retirar - a voz dela me trouxe a pura realidade, a pior realidade que existia. Fui erguida em seus braços, meu corpo voltou a tremer quando percebi que rosé me levava cuidadosamente até o meu "quarto", eu estava tão cansada que a minha única escolha foi deitar a minha cabeça em seu ombro voltando a derrubar lágrimas ainda surpresa comigo mesmo em saber que tinha muitas lágrimas a derrubar ainda - Isso está muito feio...
Gemi de dor assim que ela passou algum remédio em meus cortes, retirei as minhas mãos dos seu colo me isolando em um canto do quarto, esperando ansiosamente para que ela fosse embora, esperando ansiosamente para que eu acordasse daquele pesadelo. Rosé abaixou a cabeça por alguns segundos, se levantando e andando até mim, ela esticou a mão esperando que eu a pegasse, mas eu não fiz isso, apenas a olhei mais assustada ainda.
-Eu posso ficar aqui o dia inteiro, Jisoo , e irie ficar aqui até você me deixar cuidar das suas mãos - ela sorriu, sem amostra dos dentes, mas que foi o suficiente para me trazer segurança, uma segurança que eu não sentia dês que cheguei naquele lugar, quase nenhuma de fato. Estiquei a minha mão tocando com as pontas dos dedos a sua mão, esperei pensando que ela me puxaria, mas ela ficou imóvel com o mesmo sorriso. Eu me levantei por fim segurando sua mão tendo uma sensação tão leve quando ela me guiou de volta para a cadeira, parecia que agora a dor dos remédios sobre os meus cortes não doíam mais pois ela segurava as minhas mãos, e aquilo me trazia paz e segurança. Suas mãos me traziam conforto - Vou colocar uma faixa em suas mãos, assim os cortes iram cicatrizar bem mais rápido - ela explicou deixando as minhas mãos em suas pernas, seus movimentos era calmos, como se tivesse medo de me assustar.
Rosé enfaixou com muito cuidado as minhas duas mãos, mas saiu do quarto assim que terminou sem dar uma palavra sequer, a segurança que eu tinha se foi junto a ela, mas voltou quando entrou novamente com uma bandeja na mão, mais daquela gororoba nada apetitosa.
- Já estou começando a reconhecer as suas caretas. Você aperta os olhos e retorce a boca quando acha algo ruim, quando sente dor ou quando sente nojo - ela começou se sentando na cadeira a minha frente, tirando dali dessa vez um prato bem mais apetitoso do que antes - Fecha os olhos suavemente e fecha as mãos quando está com raiva - um prato com arroz, pão, salada de tomate e um convidativo frango grelhado - E... aparentemente... seus olhos brilham muito mais quando vê algo que gosta ou te agrada.
A olhei percebendo que já me encarava, seu sorriso agora era um pouco mais largo, eu assenti voltando a olhar para o prato.
- Pode segurar a minha mão? - perguntei baixo, com vergonha, mas eu precisava sentir a mão dela novamente na minha, para me trazer alívio e paz. Ela assentiu, esticando a mão e esperando que eu a segurasse o que não demorou para ser feito - Obrigada...
Por um momento eu senti uma paz vaga que vinha junto a ela, e era muito bom.
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1996 - chaesoo Ver. ( g!p)
Romancesua sexualidade não era uma doença , ela não estava louca ela apenas amava alguém